Não leve “Carioca Girls” a sério

Atualizado em 12 de julho de 2013 às 20:08

Considerações sobre o hit de internet do garoto Max Lewis.

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Virou hit. Hoje, a versão brasileira de California Girls da Katy Perry, “Carioca Girls” do menino Max Lewis, apareceu no Facebook como baratas aparecem aqui no beco que faz divisa com o prédio onde eu moro.

Não quero ser cruel com o rapaz. Ele tem 11 anos, e eu lembro o que é ter 11 anos. Max é mais corajoso do que eu jamais fui, e do que a maioria das pessoas será. Merece, por isso, congratulações. E conseguiu fazer um hit que a maioria dos músicos do país jamais vai conseguir. Por isso, ele também merece os parabéns.

Mas também não posso deixar de me aprofundar um pouco, e considerar: o que significa Carioca Girls, realmente, para o mundo da música?

Nada. É a versão do Youtube do sucesso ao estilo show de calouros do Raul Gil. É um menino bonito, bem arrumado, com uma boa idéia, que fez um clipe bem feito. “Qual é o seu nome, meu rapaz? Max? E vai cantar o quê? Carioca Girls? É uma versão da música da Katy Perry? Música, maestro”.

Você não precisa de mim para saber que não é uma interpretação brilhante da música. É, na verdade, fraca.

O mecanismo é relativamente simples de entender. Eu, pessoalmente, não passaria a música para a frente, mas é porque eu levo isso muito a sério – talvez até de mais. Para mim, não é apenas uma questão de ser bom ou ruim. É que não é engraçado. Não é como o Porta dos Fundos ou Gangnam Style.

Se não é bom, nem é engraçado, me parece que só pode ser o que um velho amigo cantor chamaria de elemento “freak show”. É um vídeo que chama a atenção pela estranheza que causa. Poderia ser uma pessoa sem braço dançando ou ganso dando um pau num cachorro grande. Pouco importa a música.

É muito mais a maldade de quem ri do menino, tornando o vídeo viral, o segredo do sucesso.

O que o Max precisa fazer daqui para frente, para se aproveitar desse sucesso e não ser esquecido mais rápido do que morrem as baratas aqui do beco atrás de casa: fazer uma puta música. Fazer algo que ninguém espera dele. Isso não é fácil, especialmente para um garoto de 11 anos. Mas se ele fizer isso, tem grandes chances de consolidar o sucesso. Se não, vai ficar junto com os calouros do Raul Gil.