“Não tem discurso afinado” sobre novas eleições, dizem lideranças de movimentos no ato Fora Temer. Por Donato

Atualizado em 11 de junho de 2016 às 12:28
Boulos no ato contra Temer
Boulos no ato contra Temer

 

Uma manifestação que reuniu cerca de 80 mil pessoas na avenida Paulista na noite de sexta, 10, exigia Fora Temer. Mas Fora Temer e depois o que? Há consenso sobre chamar novas eleições ou não? Lideranças de movimentos sociais falaram ao DCM.

“Nós só devemos discutir sobre eleições depois que nós fizermos a tarefa principal que é impedir o golpe e trazer a presidenta Dilma para exercer o mandato que lhe foi outorgado pelo povo. Depois disso a gente abre um diálogo com a sociedade, todas as opções serão consideradas, inclusive eleições. Com a autoridade reconstituída, Dilma vai negociar com a sociedade, ouvir a todos para tirar o Brasil dessa crise política, econômica e social. Qualquer alternativa deve ser considerada mas com ela deve vir a proposta de reforma política porque com esse Congresso que está aí, qualquer presidente que seja eleito vai continuar a ser chantageado”, afirmou Vagner Freitas, da CUT.

Já Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, rejeita a hipótese. “Não tem discurso afinado ainda. Tem gente que acha que essa é uma saída, mas eu diria que hoje a opinião da maioria é que ela volte e termine o mandato”, disse.

Acredita que chamar novas eleições seria uma forma de legitimar o golpe?

“Legitimaria o golpe e seria uma renúncia, uma renúncia branca. Ela ganhou as eleições em 2014 com as mesmas regras que todos disputaram. Discutir reforma política é necessário, mas inviabilizar o mandato dela é um golpe indireto. E agora fazem chantagem para que ela volte desde que abra mão do mandato. Mas nós temos condições de, nas ruas, impedir o impeachment e permitir que ela volte. Entretanto, com outro programa de governo, com compromisso com os movimentos sociais”, declarou Raimundo.

Para Guilherme Boulos, do MTST, que vem defendendo novas eleições, o principal recado de ontem era deixar claro que o golpe não será aceito e nenhum direito a menos admitido.

“É um golpe contra os direitos sociais, estão querendo alplicar um programa que não foi eleito por ninguém. Um programa de retrocessos em direitos sociais historicamente conquistados pelo povo trabalhador no nosso país e que não vamos admitir, nós vamos barrar nas ruas. Essa mobilização de hoje é só mais um capítulo. Não começou aqui e não termina aqui. As mobilizações vão se intensificar a cada passo que esse governo ilegítimo tente dar contra os direitos sociais.”

Entre favoráveis, contrários e pragmáticos, o que parece unificar os discursos é a necessidade de uma maior atenção às causas sociais. Os retrocessos que Michel Temer e seus comparsas representam são o grande temor da sociedade e dos movimentos, mas na hipótese de um retorno de Dilma Rousseff ela deverá colocar a mão na massa e praticar as mudanças. Agora afastada, espera-se que esteja ouvindo as ruas e respeite quem a elegeu e quem está lutando pela manutenção da democracia.

Fora Temer é praticamente uma unanimidade hoje e se o impeachment for barrado, Dilma terá oportunidade de fazer história. Seja corrigindo o curso, seja convocando um plebiscito.