No 1º dia de campanha, Haddad mostra como vai tentar sobreviver à velha mídia. Por José Cássio

Atualizado em 17 de agosto de 2016 às 7:33
Haddad na Zona Sul
Haddad na Zona Sul

 

Coube ao veterano dos Tatto, Ênio, usar o linguajar que o povo entende para explicar à militância como agir para levar Fernando Haddad ao segundo turno e garantir mais um mandato ao PT na cidade de São Paulo. 

Agora é hora de pegar o boi pelo chifre”, discursou ele no primeiro ato de campanha do prefeito nesta terça, 16, em visita à região do M’Boi Mirim, na zona Sul. “Vamos aproveitar os próximos 45 dias para desmentir tudo o que as rádios e os jornais dizem todos os dias sobre a nossa administração”. 

O deputado estadual, pertencente ao clã que veio do Paraná nos anos 70 para “fazer riqueza” na zona Sul de São Paulo – são irmãos de Ênio os vereadores Arselino e Jair Tatto, o deputado federal Nilto Tatto e o controvertido Jilmar Tatto, secretário municipal de Transportes, responsável pela criação do bilhete único na gestão de Marta Suplicy e dos corredores de ônibus e ciclovias na de Fernando Haddad – sabe o que fala. 

As obras viárias que ajudaram a desafogar o trânsito e deram nova cara a uma das regiões mais pobres da capital nunca mereceram atenção da imprensa, como também não mereceram atenção as quase 100 mil novas vagas em creches, as 600 mil carteiras de passe livre em transporte coletivo para estudantes, a redução de mortes nas marginais a partir da diminuição da velocidade e, entre outras coisas, os dois hospitais entregues – Santa Marina e Brasilândia – e um terceiro, em Parelheiros, em fase de inauguração. 

Para ficar nesses pequenos exemplos, o que Ênio Tatto quis dizer é o seguinte: com a exceção de Luiza Erundina, prefeita entre 1989 e 92, talvez não exista uma outra administração tão perseguida pelos órgãos de imprensa quanto a de Fernando Haddad – Pitta, justiça seja feita, também foi perseguido, mas há de se considerar que herdou a administração corrupta de Maluf, além de ter sido mantido refém pela Câmara de vereadores, o que não é bolinho. 

Para efeito de comparação, durante seu curto período como prefeito, apenas 15 meses, Serra conseguiu vender para os paulistanos a mentira de que fez mais pela cidade que os concorrentes em quatro anos.

A lojista Ana Paula
A lojista Ana Paula

Teria sido pelos seus belos olhos? De forma alguma: Serra é tão feio quanto desagradável e antipático. 

Seu mérito é contar – note o sumiço do noticiário dos R$ 23 milhões que recebeu de propina da Odebrecht – com algo que nem Haddad, nem Marta, muito menos Erundina puderam: um apoio indecente dos meios tradicionais de comunicação da cidade. 

Como Haddad vai se safar do cerco da imprensa é que são elas. Na sua fala mostrou otimismo. 

É que as pessoas têm a mania de olhar só para o que está perto delas”, disse. “Precisam entender que o conjunto de ações é que vai resultar na melhoria da qualidade de vida para todo mundo”.

Ele se referia às obras viárias e de canalização da Avenida Luiz Gushiken, que fazem parte da construção do Complexo Ponte Baixa, uma das principais da sua gestão, num investimento de quase R$ 1 bilhão vindos dos programas de Aceleração do Crescimento e Minha Casa Minha Vida e também da Prefeitura. 

Entre os presentes, estavam o ex-senador Eduardo Suplicy, o presidente da Câmara, Antonio Donato e o presidente do diretório municipal do PT, Paulo Fiorilo, todos candidatos a vereador, além de Gabriel Chalita, candidato a vice de Haddad e Emídio de Souza, presidente estadual do PT. 

Os moradores do M’Boi Mirim dão sinais de que reconhecem o esforço da prefeitura nas melhorias. 

Ana Paula de Jesus, de 35 anos, que trabalha como balconista numa loja de cosméticos próximo ao local onde foi instalado o caminhão de som, disse que avalia a gestão do prefeito como boa. 

O resultado é positivo, sim”, disse ela. “O trânsito melhorou e a canalização do córrego deu uma nova cara para o bairro. Deu para sentir que algo foi feito pela população”. 

A mesmo opinião tem o cambista de jogo do bicho Ari santos Pereira, de 34 anos. 

Foi feito muito pelo transporte, mas é preciso melhorar na saúde”, disse ele, que está em dúvida em relação a quem votar para prefeito: “Ou voto no Haddad ou na Marta”, afirmou Ari. 

Por via das dúvidas, e como o PT já sacou que o clima na Sul não é lá dos piores neste início de campanha, o partido resoveu buscar reforço. 

Foi anunciada a presença de Lula no bairro neste sábado, 20, no período da tarde. O ex-presidente promete andar com Haddad no comércio, conversar com os moradores e pedir voto para o prefeito.

O cambista Ari
O cambista Ari