No 3º país com mais mortes pelo álcool nas Américas, Temer chama bebida de “fenômeno de agregação”. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 9 de março de 2017 às 15:12
Michel se intriga com estranho objeto entregue por representante de Blumenau
Michel se intriga com estranho objeto entregue por personagem do desenho Branca de Neve

 

Um dia depois de proferir as maiores estultices sobre os direitos da mulher desde Floriano Peixoto, Michel Temer voltou à carga numa cerimônia de sanção da lei que confere a Blumenau o título de capital nacional da cerveja.

Por que não mandou um estafeta?

Analistas argumentam que se trata de uma tentativa de impor uma “pauta positiva”, como se isso fosse possível no atual cenário e com esses protagonistas.

A explicação mais simples é o casamento da incompetência com a arrogância. Adicione a falta de noção do chefe e você tem um coquetel insuperável.

Cercado de sicofantas e de moças fantasiadas com roupas típicas, Michel se animou. “A cerveja um fenômeno de agregação, de congregação. Ninguém vê alguém tomando uma cerveja sozinho”, disse.

“Você vê alguém no bar, em uma mesa, com quatro, cinco, seis pessoas tomando uma cerveja e conversando animadamente”.

Ameaçou comparecer à cidade. “Eu ainda não tive essa alegria de chegar à Oktoberfest, mas eu quero ver se agora, em face do convite feito pela rainha e pelas princesas, vou tomar pelo menos umas três canecas”, falou.

“As canecas eu já até recebi, mas não trouxeram a cerveja. Então, vou tomá-la na Oktoberfest”.

É uma “festa de pacificação”, diz Michel. “Nunca soube que na Oktoberfest houvesse divisões: de um lado uns e de outro lado outros. Ao contrário, de um lado só todos”.

Noves fora o ridículo, o sujeito demonstra uma irresponsabilidade e uma insensibilidade só possíveis em seu mundo paralelo, aquele habitado por Geddeis, Cunhas, Jucás e Noblats.

Nesse universo, nada mais natural que fazer propaganda de um flagelo nacional. Não passa por sua cabeça qualquer tipo de reflexão que não seja pedestre.

O número de óbitos pelo álcool no país supera Aids, tuberculose e violência juntos.

Os adultos brasileiros tomam mais que a média mundial, segundo informe da Organização Mundial da Saúde (OMS). A cada 36h, um jovem morre vítima da bebida.

Um relatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), de 2015, nos coloca na terceira posição entre os países das Américas em mortes por causa do álcool. Toda família brasileira conhece esse drama, mais de perto ou mais de longe.

Agora, para além disso, imagine o cidadão em Blumenau e entra o Temer no bar.

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