Nosso homem no primeiro protesto contra a Copa: este é só um aperitivo do que vem por aí

Atualizado em 27 de outubro de 2014 às 11:44

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O ano começou, torcida brasileira. E antes do carnaval. O primeiro ato contrário à realização da Copa do Mundo teve um clima similar ao 7 de setembro e, assim como aquele, terminou com ataques a bancos e muitos presos. Cento e sete detidos, liberados hoje.

Com uma diversidade de grupos que há muitos meses não se via reunidos no mesmo espaço (inclusive uma demonstração acanhada do PSTU) e movimentos sociais e estudantis, cerca de 2 mil pessoas saíram pela avenida Paulista em direção ao centro da cidade.

Após passar em frente à sede da prefeitura e o Teatro Municipal, ações diretas de black blocs contra bancos promoveram o primeiro ataque com bombas na rua Barão de Itapetininga. Com a dispersão, os ataques continuaram em outras ruas, sobretudo na 7 de Abril e boa parte do grupo correu em direção à Praça da República, interrompendo o show que ocorria em comemeoração dos 460 anos da cidade. Uma pequena briga se iniciou entre manifestantes e espectadores do show e as primeiras prisões aconteceram já ali, em questão de segundos. A praça estava completamente cercada pela força tática e tropa de choque da PM.

O grande grupo formado pelos movimentos sociais manteve-se unido e prosseguiu com a caminhada mas no começo da rua Augusta foi cercado pela tropa de choque e atacado com bombas de gás.

Sem ter para onde correr, acuados no espaço de uma quadra, muitos buscaram refúgio em bares e no saguão do hotel Linson. A tropa chegou e prendeu todos. Três ónibus cheios seguiram em direção ao 78º DP.

Se o reflexo desta primeira manifestação será positivo ou negativo em razão dos atos de ataque a bancos, é cedo para dizer. Hoje a “grande mídia” está estampando nas manchetes “vandalismo”. Prepare-se pois ela poderá mudar de lado assim como fez em junho. Um rapaz atingido por 3 tiros ainda está internado e a história mal explicada, com a PM afirmando tratar-se de um manifestante portando coquetel molotov. Ele permanece internado e sob escolta na Santa Casa. Grande mídia mudando de opinião em 5, 4, 3, 2…

As manifestações em repúdio à Copa não irão se enfraquecer em consequência de ontem. Pelo contrário. Ontem foi só o primeiro. E o que é líquido e certo é que com a aproximação do evento elas só farão crescer. As declarações contra a realização da Copa em detrimento de melhorias em áreas carentes como saúde e educação e possíveis denúncias de desvio de verba pública se intensificarão.

Só nesta semana tivemos os ex-jogadores Raí e Rivaldo bem como Paulinho da Força declarando uma “mãozinha” futura das centrais sindicais. Vai ganhar corpo. Há consenso de que é muito importante e simbólico que, justamente no país do futebol, se façam protestos pelo padrão Fifa em todos os segmentos e denúncias contra a entidade dirigida por Blatter.

Feliz ano novo. 2014 promete.

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