O 1º de maio na Paulista foi uma homenagem dos “vagabundos” a Doria e Temer. Por Pedro Zambarda

Atualizado em 1 de maio de 2017 às 20:59
Paulista, 1º de maio de 2017

Doria venceu a prefeitura de São Paulo em primeiro turno vendendo a ideia de que não era político.

O “João Trabalhador” foi consagrado inimigo número dos trabalhadores que se manifestaram neste 1º de maio na Paulista.

Já está ao lado de Michel Temer, como persona non grata junto aos “vagabundos” que tanto menospreza.

De acordo com a CUT, 200 mil pessoas fizeram os protestos que saíram da Avenida Paulista para a Praça da República depois de uma negociação dura a prefeitura.

A concentração começou às 12h com a montagem de um carro de som na Praça do Ciclista, perto da Consolação, e com os sindicatos dos enfermeiros e dos químicos na frente do MASP.

Por volta das 14h, os dois grupos se concentraram perto da estação de metrô da Consolação para discursos.

Sindicalistas de outros países, como integrantes do movimento americano Black Lives Matter, discursaram contra os casos de racismo por parte da PM no Brasil.

“É um dia de luto e de luta dos trabalhadores”, afirmou o deputado Ivan Valente do PSOL. Carina Vitral, da UNE, lembrou da violência covarde que o estudante de sociologia Mateus Ferreira dos Santos sofreu da Polícia Militar de Goiânia.

“Dentre as várias pessoas detidas na greve geral de sexta-feira, a polícia de São Paulo escolheu três ativistas do MTST para ficarem presos. Eles foram presos numa ação de destravamento de bloqueio na Radial Leste e sofreram violência de maneira arbitrária, talvez porque são negros e da periferia. Estão sendo autuados por acusações esdrúxulas sem nenhum indício. No sábado, uma juíza de nome Marcela Filus negou a liberdade deles alegando perturbação da ordem pública”, falou Guilherme Boulos ao DCM sobre o caso dos militantes Luciano Firmino, Ricardo Santos e Juraci Santos.

Rui Falcão, atual presidente do PT, fez o seu balanço dos últimos protestos: “Acho que foram dois atos vitoriosos. Houve grande participação das centrais sindicais, das frentes e dos partidos populares. A continuidade agora é ampliar as mobilizações. E tentar aprovar no Senado ou na Câmara uma PEC antecipando eleições. A saída da crise econômica não está nos pacotes do Temer, dono de um governo corrupto e usurpador. A saída está nos reestabelecimento da democracia, com antecipação de eleições e abertura de um processo constituinte no país”.

Próximo à Livraria Cultura, o vlogueiro do MBL Arthur Moledo do Val, o MamãeFalei, tentou constranger os manifestantes e foi chamado de “vagabundo”.

“Vai filmar o Duque de Caxias, minha cara não”, disse um idoso enquanto Arthur pedia arrego para a Polícia Militar mais uma vez. 

Na descida, os manifestantes, pacíficos, tocaram tambores com ritmos africanos e enfrentaram problemas com a PM. As autoridades impediram a saída de um dos caminhões de som da Paulista.

O repórter Rafael Vilela, do Mídia Ninja, flagrou um policial militar barrando o segundo caminhão na Consolação, na altura do cruzamento com a Pedro Taques e na frente do cemitério. Sindicalistas da CUT berraram “volta da ditadura”, mas seguiram a pé para não bater de frente com a PM.

Depois dos problemas com policiais, uma senhora, com um boneco inflado do ex-presidente Lula na mão, xingou os manifestantes de ladrões na janela. Foi chamada de burra na frente da Universidade Mackenzie, quase na Praça Roosevelt.

O ato encerrou com um show de artistas na Praça da República, com muito “Fora Temer” e críticas pesadas ao prefeito João Doria Jr. por ter tentado barrar os protestos.

Os trabalhadores de verdade, que Doria chama de “vagabundos”, não gostam muito do “João Trabalhador”.