O Big Brother deveria ir para o paredão por burrice, intolerância e racismo

Atualizado em 25 de fevereiro de 2015 às 16:12
Angélica
Angélica

 

Os filhos de Angélica, participante do Big Brother Brasil 15 eliminada nesta terça-feira (25), deixaram de ir à escola depois que a mãe passou a sofrer ofensas racistas. Enfermeira na vida real, Angélica foi bombardeada por nomes como “macaca”, “galinha preta de macumba”, “eclipse” e outros ainda mais baixos. As crianças ficaram sabendo dessa história e agora aprendem sobre racismo da pior maneira possível.

As agressões que traumatizaram os meninos vieram das redes sociais, mas se os dois, de 7 e 4 anos, pudessem entender o que se passa no programa teriam motivos adicionais para não querer ir à escola, pois há tempos o BBB compila casos de racismo e outras formas de discriminação.

A edição deste ano teve comentários homofóbicos e racistas logo nos primeiros dias. No ano passado eles também estiveram na casa. “Se eu não usar desodorante, fico com cheiro de neguinha”, disse uma das participantes do BBB 2014. Outra competidora sugeriu matar pacientes soropositivos para acabar com a AIDS. É preciso estar muito imbecilizado por temporadas e mais temporadas de BBB para achar que as pérolas preconceituosas dos “brothers” são casos isolados.

Em 2010, um concorrente deu uma de especialista em infectologia e em bate-papo afirmou que “hétero não pega Aids”. Foi neste ano que o MPF (Ministério Público Federal) fez uma série de recomendações para que a Rede Globo fosse mais cuidadosa com o respeito aos direitos humanos durante a exibição do reality show.

Uma delas dizia para “adotar medidas preventivas necessárias para evitar a veiculação de práticas de violações de direitos humanos, tais como tratamento desumano ou degradante, preconceito, racismo e homofobia”.

Quem acha que as recomendações foram seguidas acredita em qualquer coisa, até que o Big Brother é uma diversão saudável. Mesmo depois do puxão de orelha do MPF as baixarias continuaram. Até suspeita de estupro houve, em 2012.

Será que os editores do programa imaginam que os disparates homofóbicos, racistas e fascistas inflam a audiência? Difícil saber, mas a atitude de Pedro Bial após o anúncio da eliminação de Angélica insinua que eles não tem muito interesse em problematizar esses assuntos. Ao conversar com a mãe da ex-BBB, Bial perguntou porque ela parecia feliz com a eliminação da filha.  “Porque a gente estava sofrendo demais aqui fora com o racismo”, respondeu a mulher.

Bial interrompeu a entrevista e mudou de assunto na hora. BBB, definitivamente, não é lugar para reflexões.

Resta torcer para que o prestígio do BBB continue caindo e ele saia logo do ar, para poupar os pequenos Luiz Otavio e Vinícius, filhos da Angélica, e outras tantas crianças dos discursos de ódio na televisão.