O chilique de Feliciano com o papa é mais uma medida de sua mesquinhez

Atualizado em 27 de julho de 2013 às 3:42

O pastor deputado reclama da cobertura da visita de Francisco.

PAPA MARCOS FELICIANO

“O papa é político, eu também. Assim como eu, o papa condena casamento de pessoas do mesmo sexo, a descriminalização das drogas e o aborto. Mas, no caso dele, a mídia aplaude. Por que o papa é tratado como popstar, ovacionado, e eu, tão atacado?”

Segundo o jornalista Lauro Jardim, da Veja, esse foi o tom de um desabafo do pastor deputado Marco Feliciano. O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara ainda teria dito o seguinte: “Onde estava a TV Globo, que não mostrou as manifestações contrárias ao papa, o beijaço etc? Isso é discriminação religiosa contra mim, contra o pastor Silas Malafia e outros”.

Feliciano pode achar que está na mesma liga de Bergoglio, mas é a antítese dele. Vaidoso, falastrão, preconceituoso. Ainda que a agenda conservadora de ambos tenha muitos pontos em comum, há um abismo na maneira como cada um deles atua. Francisco tenta ganhar fieis com uma retórica simples, dando um exemplo de austeridade. Bate na tecla da desigualdade. Incomoda. Ainda que você discorde, ele eleva o debate.

Feliciano se orgulha de ser rico, de seu cabelo lambuzado de gel, de suas roupas, de sua ignorância, de vomitar verbetes da Bíblia que não entendeu. Seu discurso odioso não tenta incluir e encurtar distâncias, mas fomentar o fanatismo em nome de uma guerra santa.

A cobertura da visita de Francisco é exagerada e, eventualmente, ridícula. Patrícia Poeta posando de beata é duro de engolir. O G1 deu uma matéria sobre o preço que cobravam para usar o banheiro perto de Francisco (5 reais).

Mas, se houve um efeito benéfico no tour de Francisco, foi o de tirar os holofotes de Feliciano. Amém.