O Corinthians está sobrando no futebol brasileiro

Atualizado em 20 de março de 2015 às 22:57
Warrior
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De Londres

Ladies & Gentlemen:

Depois de observar diversas partidas do futebol brasileiro, cheguei à seguinte conclusão: hoje, existem duas ligas no Brasil.

Uma é formada pelo Corinthians. A outra, pelos demais times.

O Almighty, as a matter of fact, poderia estar disputando a Premier League tranquilamente. Estaria entre seus iguais, e não entre times que o enfrentam assustados como meninos diante de adultos.

Imagino que, com a globalização, um dia desapareçam as fronteiras do futebol. Como disse Lennon, você pode dizer que sou um sonhador, mas não sou o único.

Não teríamos mais torneios regionais, e sim multinacionais, em que as equipes estariam agrupadas de acordo com sua potência, e não com seu país de origem.

A cada ano, como é rotina em toda parte, alguns times caem e outros sobem.

Daqui do meu pub de Parsons Green, de onde escrevo neste momento, me vem à cabeça uma competição que reúna Barcelona, Real Madrid, Chelsea, Man City, Bayern, Corinthians – e outros times deste quilate.

Boss me conta que já virou um tédio seu time bater em rivais como o São Paulo e o Palmeiras.

Algumas vezes é divertido, é certo. Boss gargalhou quando viu o goleiro tricolor atravessar o campo para perder um pênalti na última partida entre Almighty e São Paulo.

“Suck!”, gritou ele enquanto o velho arqueiro corria de volta para seu gol.

Mas diversão é coisa rara. No mais das vezes, a supremacia absoluta resulta em tédio e solidão.

Faltava uma coisa ao Corinthians, é certo. Um estádio à altura do time. Não mais. Também o novo estádio parece mais coisa de Londres do que de São Paulo.

Se não bastasse, o Corinthians tem um potencial novo Messi, o garoto Malcom, com sua esquerda infernal.

Ladies & Gentlemen.

Fosse eu corintiano, prestaria mais atenção nos grandes campeonatos europeus do que nas competições locais.

Porque é a eles que, por merecimento, o Almighty pertence.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura

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Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.