O crescimento da publicidade digital é bom para quem? Google e Facebook. Por JEM

Atualizado em 10 de novembro de 2016 às 10:43

(DPA) GOOGLE+ IL NUOVOSOCIAL NETWORK DI GOOGLE

 

Era o previsto e está acontecendo. Anunciantes estão tirando grandes fatias de seus orçamentos de publicidade da mídia tradicional para a internet.

Bom para toda a mídia digital? Não. Bom para Google e Facebook. O resto está na verdade encolhendo, diz o Recode. Esta conclusão sai dos números de estudo de Jason Kint, que dirige a Digital Content Next, grupo que representa editores digitais e empresas de conteúdo. Segundo ele, as duas companhias responderam por todo o crescimento da publicidade digital na primeira metade deste ano.

Kint estima que o Google, que teve aumento de receita de 22 por cento na primeira metade do ano, respondeu por 60 por cento do crescimento do mercado de anúncios em relação ao mesmo período do ano passado. O Facebook, que cresceu 67 por cento, foi responsável por 43 por cento. A soma, 103 por cento, indica um encolhimento do setor coletivamente.

As informações tem outras leituras. O autor do estudo argumenta que nem todo o ecossistema digital está encolhendo, e que esta diminuição é coletiva.

Além disso, os números foram publicamente informados por Google e Facebook e PricewaterhouseCoopers, além de entidades do setor. Os dados não seguem a mesma metodologia, e o Google não informa quanto cresceu nos EUA em relação ao resto do mundo.

Pokémon Go muda conceito de uso de localização

O jogo, de realidade aumentada, e baseado em geolocalização, virou uma febre, e vicia. Mas é apenas um dos produtos que andam mudando a atitude de consumidores sobre ligar ou não serviços de locação dentro de apps.

Os consumidores são muito cautelosos quando partilham sua localização por celular, e mais especificamente um app. A exceção são os serviços de mapas e navegação.

O benefício de partilhar a localizaão é claro em apps de navegação, mas não era o caso com outros tipos deles. Mas recentemente alguns apps mudaram a percepção dos consumidores sobre a revelação de onde se encontram.

Em seu “2016 US Mobile App Report,” a comScore destacou seis apps de crescimento rápido no mercado, um grupo com uma base de usuários que cresceu em percentuais de três ou quatro dígitos de 2014 até agora. Duas das estrelas são Waze e Uber.

O fenômeno do Pokémon Go é talvez a prova mais contundente de que quando um app agrega valor em troca do rastreamento de usuários, as pessoas sem problema ligam seus serviços de localização e os mantém ligados.

Notificações push de apps e mensagens SMS são dois modos que empresas estão usando mídia para encorajar usuários de celulares a ir de um local para outro. De acordo com a Salesforce, o número de anunciantes usando as duas táticas mais que dobrou em número em todo mundo em 2016, comparado a 2015. E mais da metade deste número disse estar usando rastreamento móvel este ano comparado com o anterior, 44 por cento versus 18 por cento.

Desaprender é o melhor negócio

Vinte e cinco anos atrás, Peter Senge publicou A Quinta Disciplina. Desde então as empresas buscam se tornar “organizações de aprendizado”, que se transformam continuamente. Esta meta é mais importante que nunca em nossa era de velocidade digital. Mas mesmo as melhores delas ainda batalham por um progresso real nessa área.

Um problema é que estas estão focadas na coisa errada. O problema não é aprender, é desaprender, diz Mark Bonchek em artigo recente na Harvard Business Review.

Em cada aspecto dos negócios estamos operando com modelos mentais que ficaram datados ou obsoletos, do marketing à liderança. Para abraçarmos a nova lógica de criação de valor, temos de desaprender a antiga. Mas desaprender não é o mesmo que esquecer. É a capacidade de escolher um modelo mental ou paradigma alternativos. Quando aprendemos, acrescentamos novas habilidades ou conhecimento ao que já temos. Quando desaprendemos, saímos de nosso modo mental para escolher um outro, diferente.

Empresas como Google, Uber, Airbnb e Facebook focam em como remover limites, em vez de estabelecê-los. Olham além do controle do fluxo que gera um produto, e em vez disso constróem plataformas que permitem a outros criar valor. Buscam criar efeitos de rede através de ecossistemas de consumidores, fornecedores e parceiros.

No campo do marketing, nosso pensamento é permeado pelo modelo mental da comunicação de massa. O mundo se tornou um cenário de muito para muitos, mas ainda operamos no modo um para muitos. Segmentamos em nichos, embora as pessoas sejam multidimensionais, Tratamos consumidores como consumidores mesmo que eles queiram ser percebidos como co-criadores. Miramos compradores e fazemos campanhas que são enviadas por canais, embora o envolvimento real acontece cada vez mais via experiências partilhadas. Levamos as pessoas a uma direção, mas o caminho do consumidor não é linear.

O processo de desaprendizado, diz o autor do artigo, tem três partes. Primeiro, temos de reconhecer que o velho modelo mental não é mais relevante ou eficaz. Segundo, precisamos encontrar ou criar um modelo que possa atingir melhor nossas metas. E, por fim, é necessário incutir os novos hábitos mentais.