O debate da Band serviu para entender por que a Universal quer esconder Russomanno. Por José Cássio

Atualizado em 23 de agosto de 2016 às 10:00
Intelectuais
Intelectuais no debate da Band

 

O primeiro confronto entre os candidatos a prefeitura de São Paulo, realizado nesta segunda, 22, pela Band, mostrou por que os dirigentes do PRB se mantêm em dúvida sobre a conveniência de participação do representante do partido, Celso Russomanno.

Desinformado, lerdo de raciocínio, Russomanno protagonizou os piores momentos da atração, ao lado de Major Olímpio.

Chegou a declarar, sem nenhuma justificativa plausível, que uma das soluções para a melhoria dos problemas da saúde passa pela elevação do salários do médicos.

Disse que se for eleito pretende fixar o vencimento deles em algo próximo a R$ 25 mil.

Até Major Olímpio estranhou. “Primeiro não há orçamento para isso. Depois, como é possível aumentar salário dos médicos desconsiderando os demais profissionais? Vai arrumar briga e não vai melhorar nada”, retrucou o candidato do Solidariedade.

Russomanno murmurou algumas palavras que ninguém entendeu e continuou no seu canto, na esperança de ser esquecido e de olho no relógio, torcendo para que o tempo passasse rápido.

Com o líder nas pesquisas fora de combate, o público pode assistir um bom confronto de ideias entre Marta (PMDB) e Fernando Haddad (PT), com alguns lampejos, sempre em tom agressivo, principalmente contra o PT, de João Doria (PSDB).

Num ato falho, Marta, encerrou sua participação dizendo que em 2001 pegou uma cidade em situação muito pior que a atual do ponto de vista financeiro e administrativo.

“Eu tenho experiência e gosto de desafios”, disse a candidata do PMDB. “Quero ser prefeita de novo para melhorar a educação, a saúde, e também a segurança e fazer de São Paulo a melhor cidade do mundo”.

Novato em eleições, João Doria focou na contundência das críticas ao PT, mostrou certa confusão em conceitos e reiterou o discurso de levar para a administração publica a sua “experiência na vida privada”, sem considerar que grande parte do seu sucesso empresarial se deve a lobby que sempre praticou envolvendo interesses privados e as mamatas da coisa pública.

Para o bem ou para o mal, Fernando Haddad teve, enfim, a oportunidade que a imprensa vem lhe negando desde que assumiu a prefeitura: comentar sobre os projetos e resultados do seu governo.

Esclareceu sobre os impactos de programas em diversas áreas: mobilidade, educação, saúde, garantias sociais, respeito às minorias, entre outras.

“Trabalhamos com gente de todos os partidos, avançamos mais que os governos anteriores em todas as áreas”, disse. “Ainda falta muito? Sem dúvida, mas nosso objetivo é continuar caminhando, sem um projeto pessoal de poder, mas sim defendendo uma ideia de cidade para todos”.

Com uma linha de pensamento mais ampla e clara que os oponentes, Haddad se igualou a Marta e deixou os adversários para trás, pela ordem: João Doria, Major Olímpio e o lerdo do Russomanno em último com louvor.

Ao concluir essas linhas, fica a curiosidade de saber como o público vai reagir nas pesquisas de opinião.

Certeza, por enquanto, tenho uma: o primeiro encontro mostrou o acerto estratégico dos bispos da Universal de tentar esconder o seu candidato. Se os paulistanos de fato levarem o debate de ideias a sério, Russomanno não tem a mínima chance.