O fax de Sarney Filho é mais moderno e eficaz que ele — e não é da família. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 29 de julho de 2016 às 12:31
"I am the egg man"
“I am the egg man”

 

A instalação de aparelhos de fax no gabinete e em outras salas sob jurisdição do ministro Sarney Filho, do Meio Ambiente, não é apenas simbólica da idade mental do governo Temer.

É também uma quase confissão de culpa de SF. Em época de vazamento de emails, de mensagens de WhatsApp e de telefonemas, de grampos variados, o pequeno Sarney aposta numa engenhoca que, ele deve achar, não deixa rastros.

A ordem forçou que fossem instalados cabos e outras ferramentas. Quanto custou? Não importa, já que quem paga a conta é você.

A burrada começa na noção equivocada de segurança do fax. Para começo de conversa, as máquinas são suscetíveis a hackers. Depois, estão associados a uma margem grande de erro humano. E se o número errado for discado? Como você controla todas as pessoas com acesso ao local onde ela fica? Sem contar que os documentos são fáceis de ser forjados.

Temos também um titular da pasta do meio ambiente consumindo papel loucamente. Não faz o menor sentido.

Mas o que não faz sentido, de fato, é Sarney Filho. O velho fax, em comparação, é útil e confiável. Mantendo uma velha tradição familiar, SF é um militante apaixonado do nepotismo. Nomeou Samir Jorge Murad para o cargo de diretor de administração e finanças do SFB (Serviço Florestal Brasileiro).

Samir é irmão de Jorge Murad, marido de Roseana Sarney, ex-governadora do Maranhão. A dinastia que arrasou um estado. Marcelo Auler escreveu sobre Samir em seu blog:

Para ele assumir uma vaga no conselho diretor do Serviço Florestal Brasileiro, do Ministério de Meio Ambiente, o governo interino demitiu César Augusto Soares dos Santo da diretoria de Administração e Finanças.

Em 2013, Samir queria se candidatar a uma vaga de desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão pelo quinto dos advogados, Na época, quem escolheria o novo desembargador era a sua cunhada, Roseana Sarney, então à frente do Executivo. Mas a OAB regional barrou a indicação para não caracterizar o nepotismo. Depois, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil confirmou o impedimento. Todos entenderam que se tratava de nepotismo. E agora? não é?

 

Perto do time do interino, o fax é o que pode haver de mais inteligente, moderno e honesto.