O fiasco do protesto do MBL sinaliza o cansaço do morismo e a falta de rumo da direita xucra. Por Zambarda

Atualizado em 26 de março de 2017 às 19:29
A avenida Paulista vazia no protesto do MBL / Vem Pra Rua
A avenida Paulista vazia no protesto do MBL / Vem Pra Rua

 

Tão divulgado nas redes sociais, o protesto deste domingo, 26 de março, foi um fiasco completo.

A Paulista foi tomada por defensores da ditadura militar e por cidadãos que precisam toda hora se explicar por que pedem a prisão de Lula e não a de políticos do PSDB e de outros partidos.

“Salve a nação brasileira! Eu sei que é difícil para muitos, mas o fechamento do Congresso Nacional é importantíssimo. 93% dos deputados não valem nada e eu sei disso porque fizemos enquetes na internet. Quero agradecer a oportunidade de externar tudo o que passei quando fui tenente em 1966. Eu tive o Lula comigo nas dependências do DOI-CODI. Infelizmente ele sobreviveu!”, vociferou um ex-militar ao microfone.

Poucos minutos antes, ele defendia que o ex-presidente deveria ter sido morto. “Lula deveria ser enforcado”.

O Movimento Brasil Livre, de Kim Kataguiri, passou a tarde tentando explicar porque seu movimento pede o fim da corrupção apoiando os governos de Temer e João Doria Jr.

Reuniu os militantes que ovacionaram até mesmo o vereador Fernando Holiday, acusado de caixa dois em sua campanha.

“Eles falam que o impeachment foi uma grande manobra para acabar com a Lava Jato. Falam que a gente colocou pressão pra acabar com a operação”, falou Kataguiri.

“Mas, ao mesmo tempo, a esquerda diz que a Lava Jato é uma perseguição contra o Lula concorrer em 2017. Peraí, se o impeachment foi contra a Lava Jato que persegue o Lula, então a gente foi pras ruas pela candidatura do Lula?”

Não colou. Fernando Holiday comemorou as “vitórias” do MBL. “Tiramos um governo que apoiava verdadeiras ditaduras no mundo, como a cubana”. Nem um pio sobre as acusações que pairam sobre ele.

A Paulista estava tão vazia que ciclistas que utilizam a avenida circulavam normalmente em alguns pontos, enquanto alguns manifestantes reclamavam das ruas sem carros. O único consenso entre os movimentos de direita era Lula na cadeia. Alguns poucos lembraram de Sergio Moro.

Kataguiri em ação
Kataguiri em ação

Ivone tem 58 anos e veio com uma cola para explicar por qual razão ela veio protestar. “Peraí, deixa eu pegar um papel aqui”. Ela veio pelo fim do foro privilegiado, mais investimento para educação e mais programas culturais. E sobre a blindagem do PSDB? “Acho que todos devem ser punidos”, defendeu.

Com 63 anos, Heloísa acha que Jair Bolsonaro é um ótimo candidato a presidente. “Eu gosto muito dele. Nós estamos sendo constantemente enganados e toda essa gente deveria estar na cadeia. Até o Alckmin deveria ir pra cadeia”.

“Ele é um candidato como qualquer outro. Se a população entender que ele deve ser o presidente, que ele faz jus a situação, ele pode vencer. Mas Jair Bolsonaro precisa se preparar para conseguir isso”, afirmou Valdir, que tem 69 anos e foi na manifestação do Vem Pra Rua.

“Vou te falar uma coisa sobre o Bolsonaro presidente. Eu acho bem possível que ele ganhe. Lembra que o pessoal votou no Tiririca em protesto? Acho que ele vai levar dessa forma”, completou Emerson, que tem 40 anos e estava vendendo bandeiras do Brasil por R$ 20.

A avenida estava mais vazia do que no dia do pronunciamento de Lula na greve geral. Nenhum dos manifestantes se identificava como direita xucra e todos achavam lamentável a briga de colunistas como Reinaldo Azevedo e Joice Hasselmann.

Era difícil encontrar gente na Paulista com menos de 35 anos. Na frente do Shopping Cidade São Paulo, um quarteto de violinistas tocava para conseguir alguns trocados.

Os violinos eram os do Titanic da direita xucra e de seus ídolos.

Carro alegórico da Unidos da Coxinhice
Carro alegórico da Unidos da Coxinhice