O filme “Ele está de volta” caiu como uma luva no Brasil. Por Nathali Macedo

Atualizado em 25 de abril de 2016 às 18:44

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O longa alemão “Ele está de volta”, que estreou nos cinemas da Alemanha em 2015 e agora chega à Netflix, satiriza a volta de Adolf Hitler à Berlim contemporânea.

No filme, baseado em livro de mesmo título, Hitler é colocado como um personagem cômico desmemoriado, que dorme na Alemanha Nazista e acorda em 2011 numa Berlim totalmente nova, democrática e governada por uma mulher.

O filme trata o conservadorismo exatamente como ele merece: com um tom de escárnio exato e providencial. Fazem com a figura de Hitler exatamente o que o Século XXI permite que façam: ridicularizam-no, colocam-no como símbolo do ultrapassado e do patético.

“Ele está de volta” valeria a pena só pela fotografia maravilhosa e pelas piadas sempre colocadas no timing perfeito, mas, para todo brasileiro, é uma obra obrigatória porque, sabemos: nós temos o nosso filhote de Hitler e ele se chama Jair Bolsonaro. Ele está de volta, sim, e está no Brasil, para a nossa vergonha.

Exatamente como o protagonista do longa alemão, o nosso Hitler parece ter simplesmente aterrissado no século XXI; tem o mesmo ar perdido e a mesma pompa de líder de qualquer coisa.

E nós, o povo, o recebemos — ou, se não o recebemos, devemos fazê-lo com a máxima urgência — exatamente como os personagens do filme recebem o Hitler matusquela: como a icônica representação do ridículo.

Bolsonaro espera cumprimentos respeitosos por parte de seus ‘seguidores’ — alguns o cumprimentam, de fato, e eu sinto uma vergonha profunda de dividir o oxigênio com essas pessoas — mas quem tem uma noção, ainda que mínima, da realidade, compreende: ele não passa de um velho ultrapassado que ainda não entendeu que suas ideias não se adequam à contemporaneidade.

E que, assim como os personagens do filme, aqueles que cumprimentam-no e seguem-no estão simplesmente se deixando levar pelo calor do oba-oba, pela originalidade que pensam haver no absurdo, mas, de fato, não fazem a menor ideia do que estão fazendo.

Por que nós, que estamos com os pés bem fixos na realidade e no futuro, devemos responder aos absurdos proferidos por um homem tão pateticamente inadequado? Pois Bolsonaro não merece o nosso latim — apenas o escárnio e a gargalhada.