‘A sangue frio’

Atualizado em 27 de maio de 2013 às 15:48
Desarmado

Há uma cena de Butch Cassidy que me veio à mente. Butch e Sundance estão cercados no final. Chegam reforços em alta escala para os policiais. São muitos, e estão pesadamente armados. Um deles pergunta a um policial: “Quantos são?” Ele imaginava muitos. Dezenas de bandidos. Parece não acreditar quando ouve a resposta: “Dois!”

Essa cena me ocorreu diante da Operação Gerônimo, em que Osama bin Laden foi morto.

Tantos cumprimentos pela bravura dos soldados americanos. Obama e outros líderes do mundo fizeram questão de sublinhar a “coragem excepcional” dos homem que mataram bin Laden.

Quantos eram os inimigos?

As informações que chegam permitem montar um quadro da resistência enfrentada pelos americanos.

Ali, no refúgio paquistanês de bin Laden, estava sua filha de 14 anos. Sua mulher, que disseram ter sido usada de escudo e depois desmentiram. Ela, segundo a versão oficial, foi para cima dos invasores e levou um tiro na perna. Sobreviveu. (Alguém aí falou em bravura?) Uma outra mulher teria sido morta.

E finalmente o grande monstro barbudo.

Desarmado.

Dois tiros no rosto dele. Justiça foi feita, segundo Obama.

Mesmo?

O prestigiado ativista de direitos humanos  Geoffrey Robertson discorda. “É uma perversão do termo. Justiça significa levar alguém ao tribunal e julgar com base em evidências “, disse ele a uma emissora australiana. “Este homem foi objeto  de execução sumária. O que agora está aparecendo, depois de uma boa dose de desinformação da Casa Branca, é que pode muito bem ter sido um assassinato a sangue-frio”.

E a isso damos o nome de civilização.