O Fora Temer chegou à casa dele e não vai sair. Por Mauro Donato

Atualizado em 9 de setembro de 2016 às 14:19

“Se ele deseja a pacificação do país como diz, ele deve se submeter à vontade popular e depois de um plebiscito em outubro chamar eleições diretas até dezembro deste ano. É importante que seja assim pois se ficar para janeiro do ano que vem já terá passado da metade do mandato 2014-2018 e daí não pode mais, segundo a Constituição”, disse o ex-senador Eduardo Suplicy na noite de ontem durante o encerramento de mais um protesto Fora Temer.

O ato puxado pela Frente Povo Sem Medo, Central de Movimentos Populares, Brasil Popular e outros movimentos sociais saiu do Largo da Batata com 15 mil pessoas e marchou até a casa de Michel Temer. O gradil em torno de toda a praça continua lá há meses, desde a primeira ida do MTST, assim como grande contingente policial para evitar uma aproximação maior.

Há um grande problema nessa proposta feita por Suplicy que parece ecoar a vontade da maioria. Temer não irá querer se submeter à vontade popular pois sabe que sua popularidade está abaixo do rodapé, ele não tem voto nenhum. E mesmo que fosse acometido por alguma luz de humildade e decidisse concorrer, ainda assim para todos os efeitos Temer está inelegível. Ele tem problemas com a lei de Ficha Limpa.

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É utopia acreditar que Temer seria uma vez na vida democrático e submeter-se ao voto. O PMDB nunca chegou ao cargo mais alto da República através do voto. Ele tem seus atalhos e eles são totalmente anti-democráticos. Mas como fará para se sustentar na cadeira até 2018?

“A esmagadora maioria das pessoas que foi às ruas pelo Fora Dilma não está indo por um Fica Temer. Eles estão se orientando por um Fora Temer também. E há um grande consenso de não conformação com o golpe e com a ruptura democrática. Ou seja, na verdade o governo Temer só tem aliados na grande mídia, no mercado financeiro, na elite brasileira e naqueles partidos que não representam interesses sociais. Quando vier das ruas a insatisfação com a retirada de direitos e achatamento dos gastos públicos teremos um crescimento substantivo da luta”, falou ao DCM o deputado Ivan Valente.

O deputado visualiza o mesmo que Michel Temer. O presidente tem demonstrado inquietação com o desenvolvimento das manifestações assim que anunciar seu pacote de maldades com as reformas da Previdência e das leis trabalhistas. O caldo irá engrossar pois os desavisados que caíram na conversa do patrão sobre pagar o pato saberão quem vai receber a conta mais uma vez.

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A manifestação de ontem, como a de anteontem, contou com observação do Ministério Público sobre a conduta policial e novamente tudo terminou sem incidentes. Agora é aguardar a postura daqui para frente com o ritmo tão intenso de protestos quase diários e com o aumento de participantes. No próximo domingo um novo ato está marcado para a avenida Paulista. A polícia irá se segurar por quanto tempo?

“A polícia de São Paulo, por orientação do governo, tem uma posição muito truculenta. Claro que ela está dentro de um contexto militar mas é também por decisão governamental. Então o acompanhamento do MP vejo como positivo pois é preciso que haja uma fiscalização dos excessos e da brutalidade. O governo do Estado precisa entender que o direito a manifestação é um direito constitucional e não precisa ‘autorização’. Ela pode ser comunicada, mas não há obrigatoriedade de aprovação porque é um direito previsto. Isso demonstra o medo que esse governo golpista tem de que o caldo desande”, completou Ivan Valente.

O caldo desandou em 31 de agosto.

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