O involuntário serviço prestado à sociedade pelo secretário da juventude de Temer. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 7 de janeiro de 2017 às 17:42
Temer e o ex-secretário da juventude
Temer e o ex-secretário da juventude

 

As pessoas parecem surpresas com os disparates perpetrados por Temer e gente de seu governo a respeito dos massacres nos presídios.

Mas o que elas esperavam?

Que Temer — ou qualquer integrante de seu time — se pronunciasse como um Sócrates, um Sêneca?

Tente achar frases inteligentes, inspiradoras da administração Temer.

Inútil.

Tudo no governo Temer reflete sua ruindade, sua inépcia — incluídas, aí, as frases produzidas por seus membros.

Imagine um time de futebol. O Barcelona, por exemplo. Você só pode esperar que o Barcelona jogue como o Barcelona se os jogadores que vestirem a camisa atenderem por Messi, Neymar, Suárez, Iniesta e por aí vai.

Coloque para jogar um grupo de pernas de pau. Dê a eles a camisa do Barça, e todo o uniforme. Você pode esperar tudo, menos que os caras joguem como Messi e amigos.

As bobagens de Temer e associados são o retrato perfeito do (des) governo que temos.

Considere o já consagrado “acidente pavoroso” de Temer, por exemplo. Como designar como “acidente” uma coisa tão previsível quanto um motim num presídio?

Muitos — especialmente entre os jornalistas das grandes corporações e os antipetistas de uma forma geral — se iludiram com as mesóclises cafonas de Temer em seus primeiros dias de governo. Enfim, pensaram, um presidente familiarizado com o português “castiço”. (Os jornalistas eram loucos por alimentar o mito — bem discutível, aliás — da insuficiência gramatical de Dilma.)

Mas não. O governo Temer real era, e é, o do “acidente pavoroso”: desconexo. Obtuso.

Ou, se você preferir, pode trocar o “acidente pavoroso” pela declaração de Bruno Julio, o desconhecidíssimo até ontem secretário da Juventude de Temer.

Bruno Julio emergiu instantaneamente para a notoriedade nacional depois de dizer, sobre as chacinas, que elas “tinham é que matar mais”.

Ele sugeriu uma chacina por semana. Ganhou fama e perdeu o emprego com a frase.

Involuntariamente, prestou um enorme serviço aos brasileiros que desconheciam a alma do governo Temer: a expôs em toda a sua formidável sordidez.