O lado positivo da decisão de Cármen Lúcia sobre o ENEM. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 5 de novembro de 2017 às 12:11
Cármen Lúcia

Publicado no Facebook de Luis Felipe Miguel, professor da UnB

Imagino que a liberdade de expressão no ENEM agora garanta que nenhum candidato será penalizado por responder que 2 + 2 = 5.

Alguém pode argumentar que são coisas diferentes, que a noção de proteção dos direitos humanos não desfruta do mesmo grau de certeza científica que uma equação matemática.

Essa é exatamente a posição dos obscurantistas do Escola Sem Partido.

Ocorre que educação não é adestramento. O ensino superior não programa máquinas. Forma pessoas, profissionais que também são cidadãos e que vão interagir com outras pessoas.

Uma sociedade democrática – não que seja esse o caso do Brasil – tem o direito de exigir que o acesso a esse espaço privilegiado, que por sua vez fornece instrumentos também privilegiados de intervenção no mundo social, esteja condicionado à adesão a um conjunto mínimos de valores, como o respeito às diferenças e o reconhecimento da igualdade de todos os seres humanos.

O lado positivo da decisão de Carmen Lúcia é que mostra, uma vez mais, que não adianta ter a ilusão de que as instituições, Supremo à frente, vão nos proteger.

O STF está a serviço da casa-grande e nem se preocupa mais em esconder isso.