O melhor jogo da Copa

Atualizado em 1 de julho de 2014 às 21:52

bélgica

Ladies & Gentlemen:

Ricky Gervais comentou no Twitter: “Nunca imaginei que fosse achar emocionante um jogo entre a Bélgica e os Estados Unidos.”

Ninguém imaginou.

Mas foi o melhor jogo da Copa, graças a uma prorrogação eletrizante que transformou os atletas em autênticos gladiadores ao longo de trinta e poucos minutos.

Saíram três gols na prorrogação, dois para a Bélgica e um para os EUA, mas poderiam ter saído seis. O goleiro americano, Tim Howard, 35 anos, fez o jogo da sua vida.  Acabo de saber que ele bateu o recorde de defesas difíceis de todas as Copas: 16. Uma curiosidade: aos 11 anos, Howard foi diagnosticado com a síndrome de Tourette, que causa contrações musculares involuntárias e espasmos nos olhos.

Foi uma das maiores prorrogações da história das Copas. Remeteu à maior de todas, aquela em que alemães e italianos se engalfinharam na semifinal de 1970 depois de um empate de 1 a 1 no tempo regulamentar.

Saíram, no tempo extra, cinco gols, numa vitória épica que levou os italianos à final contra o Brasil. Extenuados a ponto de sequer conseguir comemorar a vitória contra a Alemanha, os italianos seriam depois presa fácil para os brasileiros na final.

Ladies & Gentlemen: a Bélgica é um grande time. Ao lado da Colômbia, o melhor que vi nesta Copa.

Tem craques, como Hazard, De Bruyne e Origi (este um atacante petulante e perigoso com apenas 18 anos), e coletivamente é uma equipe organizada e eficiente.

Hoje mostrou ter também um jogador capaz de colocar fogo numa partida: o jovem Lukalu, que pertence ao Chelsea e está emprestado a um time menor.

O Chelsea acaba de contratar, por dezenas de milhões de libras, Diego Costa. Pois eu digo: Lukaku tem o potencial de três ou quatro Diegos Costas.

A Bélgica é favorita para ganhar da Argentina no sábado. Um dia antes veremos Colômbia e Brasil.

Sobre este jogo tenho sentimentos ambíguos. Concretamente, a Colômbia é um time melhor. Mas, mesmo assim, bater o Brasil no Brasil é uma tarefa que pode estar acima das forças mentais colombianas.

Se eu decidir apostar, tendo a ir de Brasil. Sério. Não é para agradar Boss, believe me.

Volto ao jogo de hoje, e a Gervais. Também eu jamais pensara que ficaria de pé num jogo entre belgas e americanos.

Mas fiquei.

E termino dizendo: querem algum dinheiro fácil? Pensem em apostar na Bélgica como campeã.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura

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Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.