O novo fenômeno do cinema é um dos filmes mais odiados pela crítica nos últimos 10 anos. Por Zambarda

Atualizado em 8 de junho de 2016 às 12:58
"Vim buscar o Cunha"
“Vim buscar a Tia Eron”

 

Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos estreou no dia 2 de junho e é dirigido por Duncan Jones, o filho de David Bowie.

Duncan levou quatro anos para finaliza-lo, entre a notícia de que sua mulher tinha câncer de mama, em 2012, e o tumor no fígado que matou seu pai em 2016.

Foi massacrado pela crítica. No entanto, ou talvez por isso, tornou-se um fenômeno de bilheteria. A razão é que Warcraft é mais do que cinema, no bom e no mau sentido.

De acordo com a Reuters, arrecadou US$ 70 milhões nos dois primeiros dias e no final de semana de estreia no mundo. Ultrapassou X-Men: Apocalipse no lançamento, que acumulou US$ 65 mi.

Criado há mais de 20 anos como um jogo de estratégia, ele se transformou numa comunidade online de jogadores que se casam, mantêm amizades virtuais e eventualmente trazem os personagens digitais para o mundo real.

A atriz Jamie Lee Curtis foi à estreia fantasiada como um dos personagens. A BlizzCon, um dos cinco maiores eventos de jogos digitais do mundo, acontece anualmente na Califórnia e já contou com shows de astros do rock’n’roll americano e internacional como Foo Fighters, Ozzy Osbourne e Metallica.

Antes do filme de Duncan Jones, os games tinham uma péssima experiência com adaptações cinematográficas. O rol de bombas inclui Super Mario Bros (1993), passando pelo canastra Street Fighter – A Batalha Final (1994) com Jean-Claude Van Damme e até o recente Prince of Persia (2010).

Do que trata o filme? É um conto de fantasia medieval que lembra muito a trilogia Senhor dos Anéis. As criaturas, no entanto, têm mais história do que a computação gráfica deixa transparecer na pancadaria desenfreada.

Jones é gamer e fã de Warcraft. O jornalista Dave Itzkoff, do New York Times, narrou o sofrimento por que ele passou na época das filmagens. Produzir uma fantasia foi uma forma de lutar contra seus problemas pessoais. “Warcraft foi um período da minha vida em que tive gratidão e desgosto ao mesmo tempo”, frisa o cineasta.

Na imprensa internacional, a fantasiosa história de Warcraft só leva porrada. O Guardian afirma que o filme desaponta com uma mitologia que soa “falsa”. O Financial Times argumentou que as roupas dos personagens são mais interessantes do que a própria história.

O IMDB deu nota 7,9. O Metacritic, página que reúne as resenhas, deu nota 31 de 100. O site especializado Hollywood Reporter, por outro lado, disse que o filme foi feito “com o coração”.

A mídia sintonizada com os games, naturalmente, foi mais generosa nas avaliações. A IGN, um dos maiores e mais reconhecidos sites que cobrem jogos eletrônicos, criticou a sobrecarga de informações no enredo de Warcraft, mas elogiou o design dos monstros orcs e a ousadia do diretor em tentar transpor os videogames para o cinema com mais fidelidade.

Para além da subcultura dos games, Warcraft é um pipocão inconsequente. Perto de monstros como Cunha, Temer, Jucá e a turma toda, os bichos esquisitos de Duncan Jones são bem mais divertidos e instigantes.