O Sete de Setembro bateu na trave

Atualizado em 2 de outubro de 2014 às 16:32

Para quem esperava uma explosão, faltou tudo.

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Os black blocs e os Anonymous conseguiram o que temiam: isolar as manifestações. De vanguarda, digamos, dos protestos, eles se tornaram os briguentos, os bullies, que as pessoas evitam.

Isso ficou cristalino no protesto de 7 de Setembro, alardeado nas redes sociais como “o maior da história do Brasil”. Foi um quase fiasco. O “quase” fica por conta de ter recebido maior número de manifestantes dos ultimos dois meses, mas bem inferior ao maior deles até aqui (o de 17 de junho) e infinitamente menor do que as grandiloqüentes expectativas.

Em São Paulo, o nosso colunista Mauro Donato acompanhou os manifestantes durante todo o dia.

Começou com uma gravação de um rap debaixo do vão do Masp. RZO pedia para a galera repetir o refrão de seu rap de protesto. “Boom!” E o pessoal: “Boom!”

Os black blocs lideraram a passeata até a Câmara Municipal. Chegando lá, imediatamente atiraram pedras. A polícia revidou com gás lacrimogêneo, gás de pimenta e balas de borracha. O script de sempre.

A batalha campal espalhou-se pelo centro da cidade e migrou para a Avenida Paulista, onde a PM resolveu “finalizar” a manifestação. O saldo foi de muitas baixas para os manifestantes. Segundo o advogado que acompanhava o grupo, foram 14 detenções. E feridos. Alguns graves. Dos três atropelados ao lado da catedral da Sé, um teve fratura exposta na perna e outro só saiu em estado grave num carro do SAMU (foram atropelados por viaturas da PM).

Dos feridos a golpe de cassetetes na Paulista, o caso mais grave foi o de “Tarses”, que, atingido no crânio, teve uma provável concussão, segundo um médico (dr. Jardim) que prestou os primeiros socorros. Só nesse segundo round, o dr Jardim disse ter socorrido 4 manifestantes.

A intenção, de acordo com um porta voz mascarado, era a “união entre os grupos”. Ele falou o seguinte: “A polícia irá querer nos jogar uns contra os outros. Há aqui o pessoal do Anônimos, o pessoal de verde e amarelo, gente de preto, petiscas…. e a ideia é essa mesma”.

Uma mulher mascarada pegou o microfone: “Nós não temos rosto. Nós somos povo!”

Outro homem fez uma intervenção: “Vamos programar um dia de fúria. Será um dia de ataque a empresas. Vamos provocar danos materiais. Não será um dia pacífico. Alston e Siemens estão na mira. Perto do que roubaram no metrô, o que custa uma vidraça. É incitação à violência, sim”.

A pregação à violência não tem ressonância. Como diria Ednardo em “Pavão Misterioso”, eles são muitos, mas não podem voar.

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