O que Doria foi fazer no gabinete do promotor que o está investigando? Por Mauro Donato

Atualizado em 29 de julho de 2016 às 13:42
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Ontem, dia 28, o candidato tucano João Doria fez uma “visita” ao promotor José Carlos Bonilha, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo. Com que fins? Segundo Doria, nada de mais, apenas uma “cortesia”.

O promotor José Carlos Bonilha havia juntado aos autos do PPE (Procedimento Preparatório Eleitoral) um vídeo no qual Doria aparece discursando em um jantar bancado pela empresa Gocil. O evento no Club A foi, na justificativa da Gocil, “uma homenagem ao empresário Doria, sem conotação política”. Para o MP, a suspeita é de propaganda eleitoral antecipada.

Bonilha é quem abriu procedimento para investigar as acusações contra Doria por entender que o empresário praticou crime de abuso de poder econômico ao usar recursos que não eram do fundo partidário em sua campanha durante as prévias tucanas. As denúncias foram feitas pelos correligionários tucanos Alberto Goldman e José Aníbal, que acusam Doria de comprar votos com dinheiro e/ou benefícios e ainda contratar vans para transporte de militantes do PSDB no dia da votação. A data foi marcada por várias brigas corporais e bicudas nos diretórios do partido.

“Não há dúvida de que se trata de uma prova de quebra de igualdade da isonomia entre os pré-candidatos. Isso pode levar a caracterização de abuso do poder econômico”, afirmou Bonilha que agora anexou o vídeo como mais uma prova de irregularidade.

O que Doria queria? Que o promotor retire o vídeo dos autos? Que compreenda o “mal entendido”?

A ação tocada pelo MP pode levar à cassação do registro da candidatura de Doria e, caso esteja eleito no final do processo, tomar-lhe a cadeira e torná-lo inelegível por oito anos. Isso se eleito pois suas perspectivas não são das melhores. Além das representações eleitorais que o Ministério Público Estadual recebeu pelas irregularidades cometidas durante as prévias, o Ministério Público Eleitoral também está reunindo elementos para investigar a relação entre a nomeação de um filiado ao PP para a Secretaria de Meio Ambiente do governo Alckmin e a contrapartida do apoio da bancada do PP a João Doria. Mais uma suspeita de abuso de poder político.

João Doria é o cara que afirma que irá passar para as mãos da iniciativa privada os parques, as faixas de ônibus, as ciclovias, o estádio do Pacaembu, o autódromo de Interlagos e sabe-se lá mais o que. É aquele empresário que quer privatizar tudo mas que sempre teve suas publicações sustentadas por uma dinheirama que o governo PSDB despeja nelas.

Em seus posts nas redes sociais, o candidato Doria tem utilizado a hashtag #acelerasp. Em sua campanha ‘informal’ já disse que em seu primeiro dia de mandato iria retomar os antigos limites de velocidade das avenidas e marginais, fazendo pouco caso dos excelentes índices de redução de acidentes, de mortes e até de congestionamentos alcançados desde as mudanças implantadas pelo atual prefeito. Mas seu eleitorado adora esse tipo de discurso burro e reativo.

Doria esteve à frente do “Cansei” em 2007, um raquítico movimento contra ‘escândalos’ e a ‘corrupção’. Hoje vê sua candidatura subir no telhado por condutas nada aprováveis. Não se preocupe, candidato. Sempre teremos Campos do Jordão.