O que explica o silêncio do PSDB no caso Eduardo Cunha. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 19 de julho de 2015 às 23:44
Eles
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O PSDB tem um velho problema crônico de não se posicionar diante de certos casos de repercussão nacional — uma atitude que, paradoxalmente, escancara suas intenções.

O silêncio do maior partido de oposição em torno de Eduardo Cunha está longe de ser um episódio isolado.

Apenas para citar alguns eventos recentes em se verificou essa mudez: a execução do brasileiro Marco Archer na Indonésia, o espancamento dos professores pelo governador do Paraná Beto Richa e a cafajestada de Bolsonaro com a colega Maria do Rosário.

Aécio foi provocado a falar de Cunha e deu um recado burocrático, quase triste. Ele acompanha “com preocupação” o agravamento do quadro político no país e defende a investigação das denúncias de corrupção.

Sem citar nomes, também afirmou que continuará defendendo “as nossas instituições para que elas cumpram suas funções constitucionais”.

Vindo de um senador que trabalhou contra as instituições, é uma piada. Mas o que chama a atenção é menos a hipocrisia e a mais a certeza de que o PSDB repete o truque.

Quem dizer, não todo. Alberto Goldman — o mesmo que admitiu que o partido “não tem projeto” — falou que a denúncia de propina “afeta a capacidade de liderança do presidente da Câmara dos Deputados e o apoio que ele conquistou para sua eleição ao cargo”.

A desgraça de Cunha é ruim para os pessedebistas. Ele era um aliado importante na batalha pela instabilidade. O que era bom para Cunha era bom para o PSDB, ao menos até a página 2.

A proximidade da relação se dá na agenda e em outros detalhes. Quem produziu o pronunciamento de Cunha na TV foi um marqueteiro que compôs a equipe da campanha aecista.

O imbloglio em que está metido Eduardo Cunha tira de cena um ator importante para as pretensões de Aécio e do PSDB. O Solidariedade foi o único a sair do armário e abraçar o presidente da Câmara. O Psol pediu impeachment.

O PSDB prefere o silêncio, que faz muito mais barulho.