O uso eleitoral da Lava Jato ficou evidente na prisão de Palocci. Por Raymundo Gomes

Atualizado em 26 de setembro de 2016 às 15:52
Virou circo
Virou circo

Num país que tivesse imprensa séria, o ministro da Justiça do regime golpista, Alexandre de Moraes, teria que dar explicações sobre seu conhecimento prévio da “35ª fase” da Operação Lava-Jato. A esta altura, porém, ninguém esconde mais o conluio para o uso político da Polícia Federal e da Justiça.

“Esta semana vai ter mais”, disse o ministro, 24 horas antes da prisão do ex-ministro Antonio Palocci, num evento de campanha do PSDB em… Ribeirão Preto, não por acaso reduto político e residência do principal alvo desta fase da operação.

Num país sério, a Rede Globo teria que dar explicações sobre como o Bom Dia Brasil já estava preparado para fazer entradas ao vivo em Ribeirão Preto, Brasília e São Paulo, antes mesmo de a Polícia Federal enviar o comunicado da nova fase da operação. O telejornal deu um destaque desproporcional à notícia, seis dias antes do primeiro turno das eleições municipais.

Nem na ditadura militar houve um uso tão descarado de mídia, polícia e Justiça para fazer prevalecer a hegemonia de um grupo político sobre outro. A intimidação é clara.

Só a mobilização dos homens e mulheres de bem contra a tentativa de transformar o Brasil num Estado policial poderá salvar o que resta da democracia.