O vídeo de Doria com a humilhação pública de Soninha tem endereço certo: José Serra. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 19 de abril de 2017 às 9:53

A humilhação pública de Soninha por João Doria, que a demitiu de sua secretaria com um vídeo vexaminoso, tem endereço certo: José Serra.

Soninha tem uma ligação histórica com Serra e estava na prefeitura por causa disso. Rei morto, princesa posta.

Ela trabalhou na campanha presidencial de Serra em 2010 e teve cargos variados nas administrações tucanas em São Paulo — ela e a família, aliás.

Sempre negou que eram amantes. À revista Piauí, ela contou que os dois se conheceram em 2005.

“O Serra era um cara por quem eu tinha rejeição absoluta”, disse. “Achava ele ardiloso, truculento, arrogante. Mas depois que o conheci, o cara que eu detestava virou o cara que admiro e gosto muito.”

Doria a mantinha na Assistência Social como uma maneira de agradar o Careca da Odebrecht.

O ex-pupilo de Alckmin é desprezado por Serra, que apoiou na corrida à prefeitura de São Paulo Andrea Matarazzo, um burocrata do partido que não se elege nem para ascensorista do Circolo Italiano.

Toda a papagaiada de que Soninha não estava se dando bem com seu secretário adjunto é isso: papagaiada.

“Vamos colocar um pouco mais de força na gestão administrativa dessa secretaria, o que é mais pesado um pouco. É construção, obra (…) Tudo isso exige uma demanda que não está dentro do espírito da Sonia”, diz o alcaide na filmagem, ao lado de uma Sônia Francine francamente abatida, chamada de preguiçosa e leniente na cara dura.

Soninha não merece pena de ninguém. Sabia onde estava se enfiando, conhecia a turma barra pesada que se juntou em torno dela e surfou na onda neo direitista até onde deu. 

Mas foi uma vítima colateral da derrocada de Serra, que aparece todo dia num escândalo novo nas delações da Odebrecht.

No de hoje, o executivo Luiz Eduardo Soares conta que Paulo Preto devolveu R$ 4 milhões para a empreiteira em 2010 e o equivalente a esse dinheiro em dólares foi depositado para JS no exterior.

O que Doria fez com Soninha foi se livrar dela e de seu padrinho de um jeito canalha e cínico, disfarçado de transparente — para continuar sua caminhada rumo a Deus sabe onde, com Holiday e os cavaleiros do MBL.