Obrigada, Alessandra Negrini, por seus 45 anos. Por Roberta Schendler

Atualizado em 2 de fevereiro de 2016 às 22:07
Alessandra Negrini
Alessandra Negrini

 

A atriz Alessandra Negrini arrancou São Paulo do túmulo do samba.

Com sua fantasia de noiva, que usou como rainha do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, no domingo (31), ela viralizou na internet.

A razão: está gostosíssima aos 45 anos. Totalmente demais. Alessandra é uma vingança contra a ditadura das “novinhas”. Graças a Deus que ela existe. E que venham mais como ela e que apareçam mais e mais e esfreguem na cara de todos que nós melhoramos com o tempo.

O que é que torna sexy uma mulher mais velha? Antes de tudo, é como ela habita seu corpo. Não importa o tamanho ou a forma. É seu templo? Então ela precisa tomar conta dele.

Acrescente a isso a forma como ela move seu corpo — e não apenas na cama, mas em todos os lugares aonde vai. É uma assinatura.

Mas o que é um corpo sem uma mente?

Alessandra, como outras mais velhas, podem se orgulhar de ter uma mente mais sofisticada, cheia de experiências e histórias acumuladas em anos de vivência (no caso dela, o casamento com um sujeito como o cantor Otto vale por 20 encarnações).

Auto-conhecimento é sexy. E tem a alegria, o conforto com a idade, a felicidade sem plástica e sem botox.

A maneira como ela sorri na avenida é libertadora. Vamos sorrir porque o nosso atributo principal é a perspectiva da vida. Não há nada mais mais atraente do que isso.

Nós não somos mais o que costumávamos ser. Para ter uma ideia, a Mrs. Robinson do clássico “A Primeira Noite de Um Homem” tinha 42 anos. O pequeno Benjamin, que ela seduz, tinha 21, pobrezinho.

Parecia muito mais, não é? Um predadora amargurada versus um jovenzinho inocente.

Nunca antes na história desse país as mulheres de 40 (e as de 50, 60 e 70) cuidaram tanto de si mesmas, não necessariamente para parecer mais jovens, mas para caber com orgulho em sua verdadeira idade.

Nos EUA, cunharam um termo para essas jovens senhoras: MILF (Mother I’d Like to Fuck). Houve quem se ofendesse com o apelido. Eu prefiro encarar como uma homenagem. Seja no Carnaval, seja no resto do mês. Obrigada, Alessandra, pelo conjunto da obra.