Os concorrentes de Erundina à presidência da Câmara não servem para engraxar seu sapato. Por José Cássio

Atualizado em 12 de julho de 2016 às 19:06
Rogério Rosso
Rogério Rosso, do PSD

 

Nesta quarta-feira, 13, a partir das 16h, acontece a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, que substituirá o presidente em exercício Waldir Maranhão (PP-MA).

Maranhão ocupa o cargo desde o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou ao comando da Casa na última quinta, 7.

Apesar de oficialmente dizer que não apoiará ninguém, o presidente interino Michel Temer está atento à indicação dos nomes para garantir que a presidência da Câmara seja exercida por um aliado. Desta forma, garante o encaminhamento dos projetos de seu interesse na Casa.

O próximo presidente da Câmara irá ocupar o cargo por sete meses.

Mesmo num curto período de tempo, terá, além de benefícios que o cargo confere, um poder enorme em suas mãos. Some a isso o fato de que quem comanda a Câmara entra na linha sucessória presidencial.

Entre os candidatos na disputa está Luiza Erundina (PSOL-SP).

Ela já declarou que, se eleita, dará prioridade a propostas de reformas política e tributária, atuando sem compromisso com Temer ou com Cunha. “Nós temos compromisso com o povo brasileiro”, declarou ao anunciar sua candidatura.

Esta postura mostra que Erundina é, sem dúvidas, um sopro de esperança na democracia e uma opção bastante viável para colocar ordem num dos parlamentos mais grotescos e desmoralizados do planeta.

Também candidata à prefeitura de São Paulo, Erundina terá muito trabalho pela frente se vier a ser escolhida. Não será eleita, mas há momentos históricos para os quais somos empurrados por conta das necessidades.

O brado épico de Erundina faz lembrar Ulysses Guimarães e a sua luta contra a ditadura militar no início dos anos 70.

Num país dividido e humilhado pela opressão, Ulysses assumiu o comando do MDB, partido de oposição à ditadura, em 1971.

Na época, o MDB contava com apenas um terço dos parlamentares. Ulysses sabia que não conseguiriam aprovar nenhum projeto ou derrotar a Arena, partido que apoiava o regime.

Mesmo sabendo que a disputa para a presidência da República era um jogo de cartas marcadas, Ulysses se lançou como candidato ao cargo em 1973. Seu objetivo não era se eleger, mas sim fazer uma campanha simbólica, percorrendo o país para denunciar os crimes e os desmando dos militares.

O resultado dessa aventura é o que todos conhecem. O candidato governista venceu a disputa no Colégio Eleitoral, embora o grande vitorioso, ao transformar uma aventura que para muitos era maluca em um marco na luta pela democracia, tenha sido outro.

Da mesma maneira que Ulysses tinha pela frente os cães da guarda militar, Erundina e o seu PSOL vêm bravamente enfrentando os pitbulls de Cunha e do governo golpista de Temer.

Entre os candidatos dos principais partidos da base governista, como PRB, PR, PSB, DEM e PSD, não há um que não tenha uma pendência com a Justiça.

Se a corrupção fosse de fato uma pauta urgente do povo brasileiro, deveria haver uma vigília popular na porta do Congresso Nacional para pressionar pela vitória de Erundina.

É fato que, em termos de honestidade e dignidade pessoal, não há ninguém entre todos os picaretas do Congresso que sirva para, ao menos, engraxar os sapatos dela.