País pequeno, grandes jogadores: o segredo da Bélgica no mundial

Atualizado em 2 de julho de 2014 às 11:06

 

A Bélgica nunca dá chutões, tem uma defesa sólida que dificilmente toma gols, um meio criativo e um ataque veloz e finalizador. Certamente vai dar muito trabalho para a Argentina, que sofreu demais para vencer a Suíça.

A equipe não era nada até dois anos atrás, quando grandes promessas do futebol inglês foram reveladas, entre elas o gigante goleiro Thibaut Courtois, o zagueirão cabeçudo Vincent Kompany, o meia do Manchester United Marouane Fellaini e o ponta-esquerda Eden Hazard

Nas eliminatórias europeias ficou em primeiro no grupo, invicta e com apenas dois empates. Veio para a Copa em um grupo fácil e todos achavam que podia surpreender. Teve 100% de aproveitamento na fase de grupos sem apresentar um bom futebol, mas contra os Estados Unidos mostrou do que é capaz. Dominou o jogo inteiro do começo ao fim e teve mais do que o triplo de finalizações do adversário. Se não fosse pelo ótimo goleiro Howard, seria um verdadeiro massacre.

O grande problema da equipe de Marc Wilmots até o jogo de hoje era o atacante do Everton Romelu Lukaku. Ele estava jogando mal e não aproveitava as chances que tinha no time, então ficou na reserva para a entrada do garoto Divock Origi, 19 anos, que atua no Lille e vinha jogando muito bem. Fez boas jogadas e deu bons chutes defendidos por Tim Howard, porém mais para o final da segunda etapa do tempo regulamentar, quando a Bélgica pressionava como nunca, Wilmots deu lugar a Lukaku, que entrou e decidiu. Lukalu estava descansado e fez a festa: correu, chutou, driblou, construiu a jogada do primeiro gol e fez com oportunismo e técnica o segundo.

Outro craque foi o menino De Bruyne, do Wolfsburg. Marcou o primeiro gol e deu um passe na medida para Lukaku fazer o segundo. No ano passado, ele estava insatisfeito no Chelsea pois tinha apenas nove jogos disputados na temporada e não havia sido convocado para várias partidas. José Mourinho o dispensou do time. Agora De Bruyne apresenta um ótimo futebol tanto no Wolsfburg, da Alemanha, quanto na seleção. Foi o melhor da partida ao lado de Howard e Lukaku.

Uma característica do elenco que chama a atenção é a quantidade de jogadores que disputam a Premier League, considerada a melhor liga do mundo na atualidade. Dos 24 convocados, doze atuam na Inglaterra. Na última Copa disputada pelos belgas em 2002, eram 15 os convocados atuando em seu próprio país. Em 2014, são apenas três.

Naquela ocasião, os “estrangeiros” eram poucos e havia apenas um jogador atuando no futebol inglês. Atualmente os “ingleses” são destaques das maiores equipes do país. Mignolet foi titular absoluto do Liverpool na última temporada, Kompany é capitão – assim como na seleção – do campeão Manchester City. Vertonghen e Dembélé têm moral no Tottenham, Januzaj passou de promessa a realidade no Manchester United e Hazard é o craque do Chelsea.

Os Diabos Vermelhos começaram como uma possível surpresa na competição. Acabaram sendo chamado de “time sem-vergonha” pela torcida brasileira, perderam a moral e não pareciam ir longe na competição. Agora voltaram a apresentar o futebol rápido e bem jogado das eliminatórias. A Bélgica possui um time jovem, perigoso em todos os aspectos e em todas as posições e cheio de grandes talentos individuais. Uma equipe que faz valer o slogan que estampa seu ônibus: “País pequeno, grandes jogadores. Espere o impossível”.