Ladies & Gentlemen:
Foi o melhor jogo deste ano no Brasil. Palmeiras e Santos fizeram uma final sensacional, e o resultado mais justo teria sido o título da Taça do Brasil para ambos os clubes.
Ali estavam todos os elementos que tornam o futebol mágico. Bons jogadores, bom campo, arquibancadas lotadas.
Metade do espetáculo do futebol é proporcionado pela torcida e pelo estádio. Um campo vazio tira a graça mesmo de um duelo entre Barcelona e Real Madrid.
Mesmo Chrissie, minha esposa azeda e neurastênica que adora discordar de mim, concorda com isso. E um estádio velho, com gramado esburacado, é outra coisa nefasta para o futebol.
Nada desses problemas estava presente na decisão entre Palmeiras e Santos. Foi um daqueles jogos que você, ao fim, fica feliz por ter visto.
Um amigo santista meu aqui de Londres resmungou depois: “Ganhou o time que quis ganhar.”
É o que eu chamo de irracionalidade do torcedor. O Santos lutou epicamente pela vitória. Buscou um gol nos estertores, com seus jogadores já arrebentados pelo esforço do jogo e do ano, quando a torcida do Palmeiras já festejava o título.
Pênalti é pênalti. Por mais que estudiosos tentem ver alguma coisa derivada de técnica e treinamento, disputa de pênalti equivale a atirar a moeda para cima e ver se é cara ou coroa.
Um lance fortuito definiu a disputa: o escorregão de um jovem craque santista. Azar acontece, diz Boss. (Nota da tradutora: “Shit happens, no original.)
Foi o primeiro pênalti cobrado. A partir dele, os demais jogadores puderam tomar um cuidado extra na sua vez de chutar.
O destaque, nos pênaltis, foi o goalkeeper palmeirense. Ele não apenas defendeu uma cobrança como selou a vitória com um petardo que despachou as esperanças santistas para além da Serra do Mar.
Se mais jogos no Brasil tiverem o elevado padrão da final da Taça do Brasil, o futebol brasileiro será um dos melhores do mundo para telespectadores como eu.
Como gosta de dizer Boss, clap, clap, clap para Palmeiras e Santos. De pé. (Da tradutora: (standing ovation, no original.)
Sincerely.
Scott.
Tradução: Erika Kazumi Nakamura