Para quem, como Janaina Paschoal, deu um golpe na Constituição, a USP não é nada. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 11 de outubro de 2017 às 16:49
“Esta noite encarnarei no seu cadáver”

 

Janaina Paschoal enganou algumas boas almas, mas o esperneio no caso de sua reprovação da USP era mais do que esperado.

Professora da Faculdade de Direito desde 2003, ela concorreu com três colegas a duas vagas de titularidade e ficou em último lugar.

Resolveu entrar com um recurso pedindo a anulação da contenda. Segundo ela, o primeiro colocado, Alamiro Velludo, apresentou um trabalho “sem originalidade”, requisito para a aprovação.

Janaina evita a expressão plágio, mas acusa Velludo de ter copiado ideias do doutorado de Leandro Sarcedo, de 2015.

Partiu para a vitimização: “Não tenho como negar a perseguição, não é só política. É maior do que isso, é de valores mesmo. Eu já sabia que não teria a menor chance de ganhar. Eles me veem como uma conservadora”.

O diretor da instituição, José Rogério Cruz e Tucci, classificou o pleito de Janaina de “absurdo”. Ela “procura atacar a todos”. “Não é a primeira vez que isso acontece”, acrescenta.

Segundo Tucci, antes do concurso, todos foram chamados e apresentados à banca, e ninguém, nem ela, contestou nada.

Janaina havia simulado civilidade.

Em setembro, manifestou-se no Twitter, rede social em que é hiperativa, passando vexames inesquecíveis (um deles foi a advertência de que Putin “está a um passo de invadir o Brasil” a partir de uma base militar na Venezuela).

“Como disse, durante o concurso, apesar da reprovação, não vou recorrer. A banca estabelece seus critérios e é soberana”, declarou, altiva.

Em agosto, contou que se sentia “uma pessoa mais madura, mais velha em todos os sentidos”. Mais: “Você fica mais tolerante depois de passar por tudo aquilo [o impeachment]. Eu já era tolerante, e fiquei ainda mais tolerante.”

Balela.

A Janaina do fair play, da tolerância, das regras, simplesmente não existe. Ora, quem deu um golpe na Constituição não se detém diante de qualquer outra coisa.

Esperar que ela aceite o jogo democrático, sejam quais forem as circunstâncias, é uma ilusão. Seu “público” não a perdoaria.

O problema de Jana não é ser “conservadora”. É não ter noção. Imagine o constrangimento de seus alunos. Imagine o corpo docente.

A Janaina verdadeira está imortalizada na sessão de heavy metal em que deblaterou sobre a “República da Cobra”.

Para ficar no reino animal, ela é o escorpião da fábula com a rã. O tapetão é da natureza de Jana. Se, em sua louca cavalgada, tiver que arrastar consigo uma faculdade — ou um país –, não é problema dela.