Para tirar Lula do páreo, a Justiça é rápida e faz o que mandam colunistas da Globo. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 25 de agosto de 2017 às 9:19
Lula no Nordeste: tem que ser impedido

 

A caravana de Lula no Nordeste ganhou um componente adicional de defesa da democracia diante da armação explícita no TRF 4.

O processo do triplex está sendo julgado em tempo recorde. A ideia é inviabilizar a candidatura na base da “excepcionalidade” — exceção é mais exato.

Luis Nassif chamou a atenção no JornalGGN de que o despacho do desembargador Gebran Neto saiu em sete horas. Segundo a Folha, foram 42 dias desde a sentença de Moro em julho até o início da tramitação na quarta feira, dia 23. 

É um recorde entre todas as apelações da Lava Jato com origem em Curitiba, cuja média é de 96 dias.

Os spoilers da minissérie foram dados pelo próprio presidente daquela corte, Carlos Eduardo Thompson Flores, no Jornal Nacional e depois no Estadão, quando elogiou o trabalho de Moro de maneira entusiástica, na maior.

O Judiciário, que deveria, idealmente, fornecer a noção de isonomia num ambiente polarizado e no caos institucional que vivemos, opera abertamente para um lado, fazendo o que lhe é ordenado.

O decoro foi para o espaço, a aparência necessária de honestidade desapareceu. É o novo normal.

Os colunistas da Globo não disfarçam mais. No G1, Helio Gurovitz, que ninguém lê na vida real, mas repete seus donos, põe pressão.

“É preciso julgar Lula rápido”, defende. Não para que ele tenha um julgamento justo, direito de todo brasileiro, inclusive de Gurovitz, mas para ser logo impedido.

“Tal incerteza jurídica faz que hoje Lula seja dado como candidato por todos em Brasília. Ninguém acredita que seu nome estará fora da cédula. Dependendo de como se der a eleição, haverá enorme potencial para confusão”, diz, ligando a sirena do pânico, como se tirar Lula das urnas não fosse causar a tal “confusão”.

E se Lula apoia um “fantoche” como Haddad? O mundo cai.

“Não há muita discussão: o caso de Lula, como o próprio Moro escreveu em sua sentença, é um caso especial. Não apenas por ele ter sido presidente, mas sobretudo por almejar voltar a sê-lo”, afirma. Para o jornalista, isso é proibido, apesar da Constituição que assegura o contrário.

“É preciso que seja julgado com presteza, para evitar que o país descambe para um desses cenários incertos, que só interessam a quem quer criar confusão com o objetivo de aproveitar-se dela”.

Fora Helio Gurovitz, o resto dos brasileiros vivem um “cenário incerto” desde o impeachment.

A maneira desavergonhada e canalha com que verdadeiros absurdos estão sendo declarados dá a dimensão da nossa encrenca.

É preciso terminar o serviço que foi encomendado aos meritíssimos. E eles que se virem para isso. Para tirar Lula do páreo, a Justiça só tem que ser mais uma coisa que nunca foi: rápida.