PF quis relacionar o Memorial da Anistia ao PT em ação na UFMG. Por Marcelo Auler

Atualizado em 13 de dezembro de 2017 às 9:15
Homens fardados levam o reitor e a vice-reitora da UFMG

Publicado no blog do Marcelo Auler

Nos interrogatórios feitos na quarta-feira (06/12), do reitor, vice-reitora, ex-vices-reitoras, professores e servidores da Universidade Federal de Minas Gerais, a Polícia Federal buscou, através de algumas perguntas, relacionar o projeto do Memorial da Anistia Política que a universidade vem tocando, com o Memorial da Democracia que o Instituto Lula um dia pensou em fazer e acabou transformado em memorial virtual.

Os dois projetos tiveram a participação da historiadora e museóloga reconhecida, Heloísa Starling, ex-vice-reitora da UFMG. Ela coordena o projeto museográfico do Memorial da Anistia Política – MAP e participou das discussões em torno do Museu da Democracia. O Memorial Virtual da Democracia foi lançado oficialmente em ato realizado em Belo Horizonte no dia 10 de julho passado.

Heloísa, assim como os demais “conduzidos coercitivamente” à Polícia Federal, não está se manifestando a respeito por orientação dos advogados. Alegam, como admitiu um dos professores da universidade ao Blog, “prudência (na origem, prudentia: a melhor decisão em meio às circunstâncias de cada momento)”.

Uma “prudência” exagerada, uma vez que nada impede a Universidade de vir a público e detalhar a história do seu memorial sem correr o risco de estar vazando informações de processo sigiloso. Ao que parece, o medo a imobilizou, ainda que digam que não.

O Memorial da Democracia que o Instituto Lula pretendeu um dia fazer já gerou muita polêmica, bastante explorada na demonização do petismo. Na época do prefeito Gilberto Kassab à frente da prefeitura paulista, um terreno no centro de São Paulo foi doado para sediá-lo. Mas o Ministério Público ingressou com ação contra a doação.

O prédio vazio do Memorial da Anistia Política já desperta cobiça em Belo Horizonte (Foto: Marcelo Auler)

Nas confusões criadas pela Lava Jato e pela imprensa em geral, envolveram um terreno que a Odebrecht queria negociar para o Instituto Lula fazer sua nova sede com a ideia do Memorial. Neste, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendia guardar o acervo que acumulou durante seus dois mandatos.

O terreno, porém, nunca pertenceu ao Instituto que continua na sua antiga sede, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. O Memorial, hoje, é totalmente virtual.

Motivações políticas – Nas avaliações feitas por membros da comunidade acadêmica da UFMG, a malfadada operação da Polícia Federal – maldosamente denominada de “Esperança Equilibrista” o que gerou críticas até dos autores da música “O Bêbado e a Equilibrista”, João Bosco e Aldir Blanc (leia no Tijolaço em João Bosco: Esperança equilibrista é da democracia, não de quem a trai) – passa a ser vista com três objetivos. Todas políticas.

O primeiro é de desmoralizar a uma das maiores universidades públicas federais do país, ao lado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Contra isso protestará junto ao ministro da Educação, Mendonça Filho, um grupo de deputados.

O segundo objetivo é o de impedir a conclusão do memorial que conterá o maior acervo documental da história da repressão na ditadura civil-militar que o país vivenciou entre 1964/1985. A direita, como de se esperar, não gosta da ideia.

Em Belo Horizonte já se comenta também que órgãos públicos cobiçam o prédio de quatro andares que está pronto, mas vazio, tal como mostramos na postagem BH na defesa da UFMG e do Memorial da Anistia.

Agora, já há quem relacione como terceira intenção envolver os trabalhos da universidade com o petismo. Foi o que os parlamentares que estiveram na UFMG na segunda-feira (11/12) ouviram em um encontro com alunos, professores e servidores.

Nesta quarta-feira (13/12), um grupo de parlamentares federais visitará, em Brasília, a presidente do Supremo tribunal Federal, ministra Carmen Lúcia – ex-aluna do mestrado na UFMG, que já declarou que saiu da universidade, mas a universidade não saiu dela  -, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e o ministro da Educação, Mendonça Filho.

O grupo é encabeçado pelos três deputados mineiros – Margarida Salomão e Reginaldo Lopes, ambos do PT, além de Jô Moraes, do PCdoB – que, como membro da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, estiveram na UFMG com o reitor, Jaime Arturo Ramírez, e a vice-reitora, Sandra Goulart Almeida.

A eles se juntarão o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que não conseguiu chegar a tempo da visita à Universidade  e ainda Saraiva Felipe (PMDB-MG) e Celso Pansera (PMDB-RJ).

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