Por que a morte da massoterapeuta Maíra Panas comoveu tanto. Por Nathali Macedo

Atualizado em 25 de janeiro de 2017 às 9:44

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Quando escrevi sobre Maíra Panas ao DCM — morta no avião que levava Teori e vítima de linchamento virtual pós-morte –, pelo menos 128 mil pessoas compartilharam de minha indignação.

Houve quem me agradecesse, quem fizesse adendos ao texto e quem aproveitasse para compartilhar também seu próprio desabafo.

Há machismo na esquerda — e como há — mas, diria Mujica, ser de esquerda é “uma posição filosófica perante a vida em que a solidariedade prevalece sobre o egoísmo”.

As pessoas que compartilharam de meu sentimento em relação ao linchamento virtual de Maíra Panas não se prestaram a criticar os que a lincharam: estavam mais preocupados em expressar uma postura de solidariedade às vítimas.

Enquanto os conservadores se empenhavam e jogar pedra na Geni, os esquerdopatas — petralhas, abortistas, maconheiros, putas — lembravam-se de que são humanos.

Não surpreende: quando você carrega uma visão política que preza pela solidariedade e justiça você não consegue deixar de sentir-se tocado por um drama humano real, quem quer que o tenha protagonizado.

Vide Jandira Ferghali, que se prontificou a ajudar o oponente Flávio Bolsonaro no episódio do piripaque em rede nacional.

Quanto aos que julgaram e condenaram Maíra Panas mesmo depois de morta, voltaram para terminar o serviço.

Fui xingada de baixa e escritora de enésima categoria. Não que isso seja raro por parte dos antipetistas: se nem mesmo ela, morta, escapou à onda de ódio, por que eu escaparia?

“Seres humanos são cruéis com seres humanos. Mas eles são especialmente cruéis com mulheres”, escreveu uma leitora.

Acrescento: seres humanos são cruéis, mas seres humanos de direita são especialmente cruéis.