Por que Alckmin já está com um pé no PSB. Por José Cássio

Atualizado em 6 de fevereiro de 2016 às 14:16
alckmin psb
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Ao partir para o “tudo ou nada” em São Paulo, apostando num novato para a disputa da prefeitura, contrariando a cúpula do PSDB, Geraldo Alckmin dá o segundo passo na sua corrida para disputar a presidência em 2018. O pontapé inicial foi no ano passado, quando orientou o vice-governador Márcio França a viajar pelo interior do estado arrebanhando prefeitos e vereadores para o PSB, partido para o qual Geraldo deve migrar caso não consiga se viabilizar no PDSB.

No terceiro e decisivo momento dessa caminhada, o governador tem um encontro marcado como os senadores José Serra e Aécio Neves, com quem disputa a liderança do partido. Será em maio de 2017, mês em que o PSDB elege a Executiva Nacional que vai comandar a montagem da chapa para a eleição do ano seguinte.

Geraldo sabe que está em desvantagem no partido. Por essa razão age para tentar igualar o jogo.

Aécio Neves, por comandar o PSDB, mesmo não tendo direito à reeleição é o que reúne mais condições de articular com as lideranças estaduais uma bancada de delegados favoráveis aos seus interesses. Leva boa vantagem, portanto.

Agora vamos supor que, e essa é uma possibilidade real, venha a se desgastar nos próximos 12 meses e chegue cambaleante ao final da gestão. Ainda assim a conjuntura desfavorece Alckmin. O atual vice do PSDB, Alberto Goldman, é umbilicalmente ligado a Serra. A ele caberia a prerrogativa de comandar e até postular a presidência da sigla.

Voltemos a São Paulo. Andrea Matarazzo é uma quase unanimidade no PSDB. Não apenas Serra e Fernando Henrique, mas praticamente toda a bancada de vereadores, além de medalhões como José Guegori e Vilma Motta (viúva de Sérgio Motta) defendem que é chegado o momento de dar a ele a chance de disputar a prefeitura – um sonho que alimenta há anos.

Por que então Geraldo rema contra a maré para impedir a candidatura? Simples: o sucesso de Andrea representaria a sua derrota no encontro com Serra e Aécio na troca de comando do PSDB. Serra iria se beneficiar da condição de aliado do prefeito da principal cidade do país e partir para cima de Aécio. Alckmin não cabe nesta cena.

Ao contrário, uma eventual vitória do seu indicado João Doria pode dar a ele novo fôlego para insistir na disputa dentro do PSDB. Consideremos que Geraldo obtenha êxito ao lançar alguém novo, repetindo o histórico do PT quatro anos atrás com Fernando Haddad: sai fortalecido no principal colégio eleitoral do país e em pé de igualdade para brigar agora não com Serra, mas com Aécio.

Ao apostar em João Doria, Geraldo mira não só o setor empresarial, como a maioria imagina, mas o plano estratégico adotado por Lula quando pegou Haddad pelas mãos. Mais ou menos como está acontecendo agora com João Doria, a pré-candidatura de Haddad logo virou motivo de piada. Nem o taxista mais obtuso da capital poderia imaginar que aquilo ia dar certo. E o que aconteceu estamos ‘carecas’ de saber: Lula levou o pupilo para o segundo turno com Serra – e depois foi só aproveitar a rejeição do tucano para consolidar a vitória.

Se nada disso der certo, o destino do governador de São Paulo será mesmo o PSB. O fiel escudeiro Márcio França está fazendo a sua parte. Dos 21 prefeitos do estado que abandonaram o PT no ano passado, cinco seguiram para o PSB. Sem contar as quase três dezenas de vereadores.

Numa outra frente de ação com seu vice, Geraldo aproveita a falta de diálogo entre movimentos sociais e a presidente Dilma Rousseff para mandar sinas a grupos ligados à esquerda. O MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) até já sentou para tomar café no Palácio dos Bandeirantes no dia da sanção da Lei estadual que permite a transmissão de terras a herdeiros de assentamentos e o acesso deles a meios de financiamento.

Geraldo é nascido e criado em Pindamonhanga, localizada no pé da Serra da Mantiqueira. Tem um pezinho em Minas, de onde veio parte da sua família. De uma das grandes raposas do estado, Magalhães Pinto, que foi banqueiro, governador e deputado, tira uma lição que leva para a sua vida prática: “Política é como nuvem. Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.

O PSB é logo ali. Falta só um tiquinho assim ó.