Por que Haddad dificilmente deixará de ser prefeito de São Paulo

Atualizado em 7 de setembro de 2012 às 9:06
Haddad

 

Leio o revelador texto de meu irmão Kiko sobre o fenômeno Russomano. Converso com ele e fazemos uma aposta sobre qual vai ser o novo prefeito de São Paulo.

Não sabia, embora desconfiasse, que a situação de Serra era tão precária dentro do próprio PSDB. Me pergunto: se era tamanha a rejeição a ele entre os próprios tucanos, por que o escolheram? Ninguém imaginava que os paulistanos lembrariam que Serra os largou no meio do caminho quando foi prefeito?

Serra dificilmente escapará da derrota no primeiro turno. Russomano está firme na ponta, e Haddad já encostou, como era previsível. É algo parecido com o que aconteceu, no plano nacional, com Dilma: saiu de baixo nas pesquisas e, com o horário eleitoral, foi crescendo.

Sobrarão, provavelmente, Russomano e Haddad.

É quando a vida tende a ficar mais difícil para Russomano. A presença de Serra, até aqui, o beneficia. Parte do eleitorado que seria tucano rejeita Serra e opta por ele. Sem surpresas: é um rosto relativamente novo, e tem familiaridade com televisão, um atributo precioso na política contemporânea.

Depois é que virão as dificuldades. O PT é um partido articulado e organizado, ao contrário do caricato PRB de Russomano. Haddad é, como ele, uma cara fresca. (O PT acertou ao escolhê-lo em vez de Marta, que cairia na categoria da velha turma botocada de sempre.)

Os eleitores que ficarem com Serra no primeiro turno tenderão a votar depois em Haddad, e não em Russomano, excetuada a minoria mais retrógrada que abomina o PT  – e que tem no blogueiro Reinaldo Azevedo seu porta-voz mais estrepitoso. Tirada essa parcela arquiconservadora, o tucano típico apoia, hoje, iniciativas sociais destinadas a reduzir a miséria. Mais ainda, gostaria de ver o partido agarrar com vigor a bandeira da justiça social. Para este eleitor, a escolha entre Russomano e Haddad será simples.

Por isso, Haddad tende a ganhar, com uma certa folga.

Foi essa a aposta que fiz com meu mano. Ele acha que o apoio dos evangélicos levará Russomano — que  ele e eu olhamos com justificada má vontade, dada sua biografia de demagogo  —  à prefeitura. Penso que igreja nenhuma é capaz de levar alguém a virar prefeito de uma cidade como São Paulo.

Veremos qual de nós vencerá. Qualquer que seja o desfecho, e estou tão convicto de meu raciocínio que disse a Kiko que escolhesse o que apostaríamos, um Nogueira vencerá.