A intervenção militar e o caso de apreensão de cocaína na fazenda de Aloysio. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 21 de fevereiro de 2018 às 15:55
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Em junho 2009, um caso de apreensão de entorpecentes surgiu e desapareceu de forma fulminante.

Aconteceu numa fazenda em Pontalinda, perto de São José do Rio Preto, interior de São Paulo.

Numa quinta feira de maio, a polícia encontrou um tambor de leite com 19 quilos de pasta base de cocaína, 515 gramas de crack e 13 cartuchos para pistola.

O dono das terras era o tucano Aloysio Nunes Ferreira Filho, então secretário da Casa Civil do governo de SP, hoje chanceler da República (sic).

O governador era José Serra, o mesmo que Aloysio substituiu no Itamaraty.

Em uma semana, o delegado Antônio Mestre Júnior, o “Mestrinho”, chefe da Polícia Civil na área de São José do Rio Preto, não tinha achado os culpados, mas já tinha um inocente.

“O doutor Aloysio é vítima”, garantiu à Folha. “Os criminosos escolheram a propriedade pela sua localização geográfica e facilidade de esconderam [sic] a droga ali”.

Atenção para o “doutor”.

Se encontrassem essa quantidade de coisas dessa natureza no seu sítio, é muito pouco provável que você viesse a ter o mesmo tratamento. Aliás, seria preso em flagrante.

No morro, então, um abraço.

Segundo a Folha, Aloysio afirmou que não iria comentar porque poderia “atrapalhar as investigações”.

No Diário, publicação de Rio Preto e arredores, sua assessoria declarou que “foi o namorado da filha de seu caseiro, um policial militar, que suspeitou da movimentação e acionou a polícia”.

Os bandidos teriam escolhido o lugar pela fragilidade da segurança e por ser rota de tráfico internacional a partir de Paraguai e Bolívia.

Tudo foi incinerado, assegurou Mestrinho. E ponto final.

Há semelhanças óbvias com o Helicoca. Para começar, o desinteresse da mídia num assunto envolvendo políticos que não são do PT. Houve aquele registro da Folha e um abraço.

E a rapidez: no Helicoca, o delegado Leonardo Damasceno, da PF, levou menos de duas semanas para declarar que os Perrellas não tinham nada a ver com o que foi encontrado na aeronave da família.

Mestrinho, que cuidou do caso Aloysio, foi mais veloz. “Doutor” Aloysio está acima de qualquer suspeita há muito tempo.

O delegado “Mestrinho”