Por que o PMDB foi o principal destinatário das doações do banco de André Esteves

Atualizado em 27 de novembro de 2015 às 15:03
"Adoro o cheiro de napalm pela manhã"
“Adoro o cheiro de napalm pela manhã”

Publicado por Alceu Castilho em seu blog:

 

Assim como a Vale, o banco BTG Pactual – de André Esteves – teve o PMDB como destinatário principal das doações de campanha em 2014. Do total de R$ 51,3 milhões investidos por empresas do grupo em partidos e em candidatos, R$ 20,3 milhões ficaram com o PMDB. Ou seja, 40% do total. Esteves foi preso ontem pela Polícia Federal, após ser delatado na Operação Lava-Jato.

Em seguida vêm, empatados, PSDB e PT, com R$ 10,9 milhões cada, somando outros 40% do total. Os dados são da Justiça Eleitoral, organizados pelo blog. Os números chamam a atenção porque, ao contrário dos tucanos e petistas, o PMDB não tinha candidato à Presidência da República – que costuma motivar boa parte das doações de campanha.

Se tomarmos somente o dinheiro investido nos comitês financeiros e diretórios (o restante destina-se a candidaturas específicas), a porcentagem para o PMDB salta para mais de 50%. De um total de R$ 35 milhões doados pelo banco de André Esteves (carioca da Tijuca, dono de um patrimônio de R$ 8 bilhões) em 2014, R$ 18,6 milhões foram para o PMDB.

Desses R$ 18,6 milhões, R$ 10 milhões foram para o Diretório Nacional, e R$ 3 milhões para o PMDB fluminense. Um sexto deste valor – R$ 500 mil – foi repassado pela direção estadual para a candidatura à reeleição do deputado Eduardo Cunha, atual presidente da Câmara.

Os outros diretórios nacionais mais contemplados foram o de São Paulo (terra do vice-presidente Michel Temer), com R$ 1,5 milhão, Rio Grande do Norte (do ex-presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves), com R$ 1,1 milhão, e Roraima (do senador Romero Jucá, muito poderoso no partido), com R$ 1 milhão.

As empresas que fizeram doações de campanha são: Banco BTG Pactual S.A (R$ 37,3 milhões), BTG Pactual Asset Management S.A. Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (R$ 5,2 milhões), BTG Pactual Comercializadora de Energia Ltda (R$ 3 milhões), BTG Pactual Gestora de Recursos Ltda (R$ 2,9 milhões) e BTG Pactual Corretora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. (R$ 2,9 milhões). Estão computadas aqui tanto as doações para candidatos como para comitês e diretórios.

A candidatura do senador Delcídio Amaral (PT-MS), por exemplo, recebeu R$ 600 mil do próprio Banco BTG Pactual. Ele também foi preso ontem pela PF.

DOAÇÕES DA VALE

Não há relação aparente entre o BTG Pactual e a Vale. Mas os dois grupos coincidem na especial atenção ao PMDB – um partido que exerce seu poder principalmente no Congresso. Dos R$ 49 milhões investidos por seis empresas da Vale em comitês financeiros e diretórios, em 2014, R$ 24 milhões foram para o PMDB. Entre os candidatos individuais, Cunha também foi um dos principais contemplados.

Curiosamente, o candidato em que o banco de André Esteves mais investiu, após a presidente Dilma Rousseff (R$ 9,5 milhões) e o candidato Aécio Neves (R$ 7,5 milhões), foi a do candidato ao governo amazonense pelo PMDB, Eduardo Braga – hoje Ministro das Minas e Energia.