Por que os EUA bombardeiam a Síria: um artigo de Glenn Greenwald

Atualizado em 24 de setembro de 2014 às 20:20
Sírios nos escombros de uma casa atacada por aliados dos EUA
Sírios nos escombros de uma casa atacada por aliados dos EUA

Publicado no The Intercept.

 

Os EUA começaram a bombardear alvos na Síria, em conjunto com a sua linda e inspiradora aliança com cinco regimes: Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Catar e Jordânia.

Isso significa que a Síria se torna o sétimo país predominantemente muçulmano bombardeado pelo Nobel da Paz Barack Obama — depois de Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Somália, Líbia e Iraque.

A total falta de interesse na possível autoridade legal de Obama para atacar a Síria significa o seguinte: impérios bombardeiam quem querem, quando querem, por qualquer razão (aliás, Obama bombardeou a Líbia mesmo depois que o Congresso explicitamente votou contra a autorização para usar a força, e muito poucas pessoas parecem se importar com esse ato desprezível de ilegalidade; restrições constitucionais não servem para guerreiros e imperadores).

Pouco mais de um ano atrás, altos funcionários de Obama estavam insistindo que um ataque a Assad era um imperativo moral e estratégico. Em vez disso, Obama está agora bombardeando os inimigos de Assad, enquanto educadamente informa o amigo de seus objetivos com antecedência. Parece irrelevante contra quem os EUA estejam em guerra; o que importa é estar em guerra, sempre e para sempre.

Seis semanas de bombardeio no Iraque não destruíram o Estado Islâmico, mas levaram o recrutamento a subir. Isso tudo é previsível: os EUA sabem há anos que o que alimenta e fortalece o sentimento anti-americano (e, portanto, o extremismo anti-americano) é exatamente o que eles continuam fazendo: agredir a região.

Se você sabe disso, então eles sabem disso. Criar continuamente inimigos é uma intenção, não um efeito colateral. É o que justifica a lubrificação contínua da máquina rentável e poderosa da Guerra Sem Fim.

Se existe alguém que realmente acredita que o ponto de tudo isso é uma cruzada moral para aniquilar os malfeitores do Estado Islâmico (enquanto os EUA lutam ao lado de seus amigos da Arábia Saudita), leia a explicação do professor hoje As’ad Abukhalil de como a Síria é uma guerra por procuração. Como demonstra a “intervenção” desastrosa na Líbia, os EUA não bombardeiam países por causa de objetivos humanitários. O humanitarismo é a desculpa, e não o fim.

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