Por um frente dos que gostam e dos que não gostam de Lula. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 12 de dezembro de 2017 às 23:35
O trio do TRF 4

ESQUEÇA os R$ 51 milhões nas malas de Geddel.

Esqueça a outra mala, nas mãos de Rocha Loures.

Faça vistas grossas aos R$ 38 bilhões a serem torrados na compra de votos para a Previdência.

Deixe de lado a aprovação do PL que suspende o pagamento de R$ 1 trilhão das petroleiras internacionais em tributos.

Não se preocupe com o escândalo JBS, com a suspensão da multa de R$ 25 bilhões do Itaú, com a venda da Eletrobrás, com a reforma trabalhista, com o congelamento de gastos, com o desemprego de dois dígitos, com nossa tragédia social.

Nada disso importa.

O que importa agora é que vão pegar o acusado de ter ocultado um triplex no Guarujá. Ele apresentou provas contrárias, mas contra cabeça de juiz não há evidências. Vão pegar e alardeiam que com isso a moralidade pátria estará salva.

O TRF-4, de Porto Alegre, marcou o julgamento do acusado, líder isolado nas intenções de voto, para o dia 24 de janeiro. A base legal – ironia das ironias – é a Lei da Ficha Limpa, sancionada pelo próprio acusado há sete anos.

Marcaram num tempo sonolento, entre o ano-novo e o carnaval. Os estudantes estarão de férias.

Encurtaram prazos, passaram por cima da ordem habitual dos processos e – tudo indica – vão condenar o homem, que ficará inelegível.

Logo este homem.

Logo Lula, que sempre buscou dar segurança aos mercados. Logo Lula, que não tocou nos interesses dos donos do dinheiro.

Nem isso a turma da casa grande aceita. Não aceita por saber que Lula tem algo que eles não têm: uma formidável base popular que, em determinadas situações, pode se tornar incontrolável. Isso, apesar de todo esforço de Lula em evitar o confronto.

Lula confiou nos de cima, achou que eram amigos e eles vêm a mostrar que em luta de classes não tem conversa. Não deram o golpe à toa. Não deram o golpe para fazer marola.

Admiro a figura histórica de Lula e a marca profunda que há quarenta anos imprime na vida nacional. Ele não é meu ídolo, mas não há liderança popular capaz de a ele se ombrear no Brasil.

Condenar Lula significa transformar o país numa esbórnia.

Num escracho.

Numa mazorca.

Num lupanar cívico.

Condenar Lula significa fraudar as eleições de 2018.
Condenar Lula significa o dar golpe dentro do golpe.

Por isso, agora é hora da frente dos que gostam e dos que não gostam de Lula – mas que estão com a democracia – contra algo que atinge a quase todos.

É hora da frente ampla contra a segunda fase do golpe!