Qual o papel do homem na luta feminista? Por Elisa Niskier e Leo Mendes

Atualizado em 30 de novembro de 2015 às 16:26
Elisa
Elisa
 
Acontece algo curioso em relação ao esquerdomacho.
O macho de direita, conservador ou reacionário, parece ter posições bem mais definidas:  sonha em ter uma esposa doméstica, recatada, obediente. Acredita que o feminismo é coisa de barangas francesas peludas a quem falta um macho provedor.
Já o esquerdomacho, geralmente, tenta ajudar as feministas.  As vezes até demais, e é acusado de tentar roubar o protagonismo das mulheres na própria luta.
Pensando nesse homem que gostaria de ser feminista e não sabe como, a escritora Elisa Niskier produziu o belo texto abaixo:
#meuamigosecreto é um homem adorável
 
Por mais que ele saiba que tenho medo dele, por ele ser homem. 
 
É um homem que quer ajudar as mulheres, é um homem que não quer nos calar.
 
É um homem que não quer me calar. E como eu já fui calada por familiares, por professor, por homens nas ruas, por homens em vários lugares… 
 
É um homem que respeita tudo: o sexo, os desejos, a fala, o corpo, e não exagera. Oferece ajuda, dá a mão, luta do meu lado pelo feminismo. Escuta minhas ideias, angústias, situações desagradáveis.
 
É apenas mais um dos homens que vê a dificuldade do feminismo e tenta entendê-lo. Acho válido tentar entender, mas como já disse a ele, sem questionar. Deixa que somos nós mulheres, muitas mulheres, que vamos nos auto questionar e questionar as amigas.
 
Somos tantas, e por mais uma vez na história estamos ganhando força, ganhando visibilidade e respeito.
 
Quis falar sobre um amigo de verdade, porque eu sei que vocês existem, eu sei que vocês tem medo, mas o medo de vocês não chega perto dos nossos.
 
Então observem, leiam, perguntem para suas amigas uma coisa suave aqui, outra ali. 
 
Mostrem aos amigos no bar, na praia, em casa, em qualquer lugar, que “tal” coisa que ele falou é machismo, essa é a parte de vocês. 
 
O papel de vocês na luta é, no máximo, ficar na arquibancada e torcer, incentivar. Não nos questionem de forma ruim ou agressiva, não questionem nossa luta, não questionem as mulheres.
 
E muito obrigada ao amigo e aos amigos que tem por aí.