Quem é o amigo secreto de Serra citado nas gravações de Delcídio. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 26 de novembro de 2015 às 11:46
Remédio para a calvície funciona
Remédio para a calvície funciona

 

 

O plano bolado por Delcídio Amaral e André Esteves para “salvar” Nestor Cerveró, além de uma aula prática sobre máfia, guarda vários detalhes importantes relativamente escondidos. Relativamente.

Abaixo, dois trechos da conversa entre Delcídio Amaral, o filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Bernardo Cerveró, o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, e o advogado Edson Ribeiro, que defendeu Cerveró na Lava Jato:

DELCÍDIO: E as conversas que nós ouvimos é que numa dessas reuniões que ocorreram, eu não sei com relação a qual desses projetos, houve uma reunião dessa na Espanha que os caras já rastrearam quem tava nessa reunião e existia um espanhol nessa reunião que eles não souberam identificar quem era. Bingo!
EDSON: Gregório.
DELCÍDIO: Ou seja, o Fernando tá na frente das coisas, mas atrás quem organiza é o Gregório Marin. O Serra me convidou para almoçar outro dia e ele rodeando no almoço, rodeando, rodeando, que ele é cunhado (sic) do Serra.
BERNARDO: José Serra.
DELCÍDIO: E uma das coisas que eles levantaram, houve uma reunião na Espanha, eu não sei se sobre sonda sobre, se sobre Pasadena, mas houve uma reunião na Espanha. Existia um espanhol na reunião que não foi identificado. É o Gregório… É o Gregório… Não sei se o Nestor conheceu o Gregório.

Outro:

EDSON: Todo dinheiro que tava lá na Suíça ficou pra Procuradoria da Suíça. Então ele foi processado e o assunto morreu aí.
DELCÍDIO: Pois é. E esse dinheiro era o dinheiro da Alstom? Ah, foi por isso que ele fez o acordo? Entendi. Ele nunca me falou isso.

O dinheiro a que eles se referem é o do chamado Trensalão, o esquema nos trens de São Paulo abastecido com dinheiro da Alstom. A existência de um acordo secreto na Suíça preservando os envolvidos reforça a suspeita de que setores do judiciário brasileiro e suíço jogaram a sujeira para debaixo do tapete.

Mas quem operava esse esquema, segundo essa turma? Entre outros, Gregorio Marin Preciado. Quem é Gregório?

De origem espanhola, ele é casado com uma prima de Serra (não cunhado do senador, como afirma Delcídio). Segundo a delação premiada de Baiano, Preciado teria obtido entre 500 mil e 700 mil dólares pela suposta cessão de uma empresa sob seu controle para o recebimento de propina de 15 milhões de dólares. A empresa mencionada por Baiano é a Iberbrás Integración de Negocios y Tecnologia.

Outro extrato:

DELCÍDIO: E ce vê como é que ele é como é que ele é matreiro (Fernando Baiano). A delação, quando ele conta quando ele me conheceu quando eu era diretor e o Nestor era gerente que ele foi apresentado a mim por um amigo. Ele poupou o Gregorio Marin Preciado.
EDSON: Ahhhhhh
DELCÍDIO: E as conversas que nós ouvimos é que numa dessas reuniões que ocorreram, eu não sei com relação a qual desses projetos, houve uma reunião dessa na Espanha que os caras já rastrearam quem tava nessa reunião e existia um espanhol nessa reunião que eles não souberam identificar quem era. Bingo!

A relação entre Preciado e Serra é antiga. Ele foi membro do Conselho de Administração do Banespa entre 1983 e 1987, quando José Serra era secretário de Planejamento.

Preciado foi investigado na CPI do Banespa e também por causa de uma dívida com o Banco do Brasil que teria sido reduzida em 73 milhões de reais graças à interferência de Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do banco e tesoureiro do PSDB. Doou para a campanha de Serra em 1994.

Agora falta JS esclarecer por que tanto rodeio ao falar dessas amizades.

imagem
Preciado e seu #amigosecreto