Quem é o escritor militante de extrema-direita condenado na Justiça por chamar Caetano de pedófilo. Por Zambarda

Atualizado em 14 de novembro de 2017 às 15:42
Azambuja/Morgenstern e papi Olavo

Esta matéria está sendo republicada à luz da condenação de Flávio Morgenstern, criador da hashtag “Caetano pedófilo”, pela juíza Flavia Alves, da 14ª Vara Cível do Rio de Janeiro. Ela também determinou que Morgenstern se abstenha de postar mais ofensas nas redes.

 

Ex-estudante de Letras com habilitação em alemão na USP, Flávio Azambuja Martins foi processado pelo compositor Caetano Veloso por espalhar a hashtag #CaetanoPedofilo no Twitter.

Na internet ele é conhecido como Flávio Morgenstern. Os advogados de Caetano pedem R$ 200 mil de indenização por danos morais.

O compositor entrou com processo contra Morgenstern para apagar seus posts nas redes sociais no dia 3 de novembro, segundo a coluna de Ancelmo Gois no Globo.

Azambuja/Morgenstern tirou os posts do ar no Twitter. No Facebook ele também não comenta mais sobre o assunto.

Por Caetano ser um idoso – 75 anos – , o caso tem prioridade na tramitação. A ação foi distribuída para a 14ª Vara Cível. Se Morgenstern não cumprisse a solicitação judicial, pagaria pena de R$ 5 mil, além dos R$ 200 mil.

No auge dos protestos digitais do MBL e de Alexandre Frota contra a exposição no MAM, um fato público de Caetano Veloso foi desenterrado. Ele começou a namorar a produtora Paula Lavigne, com quem foi casado, quando ela tinha apenas 13 anos.

No entanto, o relacionamento teve consentimento dos pais dela na época. Caetano tinha 40 anos na ocasião.

Desta forma, Frota e o MBL aproveitaram para acusar o compositor de pedófilo. Caetano os processou em outubro

Como chegaram até seu nome?

A hashtag #CaetanoPedofilo chegou ao topo dos Trending Topics do Twitter no dia 21 de outubro. Naquela ocasião, Azambuja/Morgenstern publicou uma mesma mensagem no Twitter e no Facebook:

“Caetano Veloso e Paula Lavigne processam MBL e Alexandre Frota por terem-no chamado de ‘pedófilo’. Sugeri subirem uma hashtag, e agora #CaetanoPedofilo está nos assuntos mais comentados do Twitter. E agora, Caetano e a ex-menina de 13 anos vão processar a internet inteira? Entenderam como se faz guerra política com pouco – ou nenhum – dinheiro, só com organização?”.

Ou seja, o gênio se incriminou sozinho. Não é sensacional?

A confissão do escritor o enquadrou nos mesmos processos que envolvem Alexandre Frota e os dirigentes do MBL, Kim Kataguiri, Renan dos Santos e Vinicius Aquino.

A advogada Simone Kamenetz, do escritório Kamenetz & Marcolini, que foi responsável pela ação, afirmou ao site da revista Fórum que Morgenstern não teve interesse em participar de uma audiência de reconciliação e que processos similares podem ser movidos contra novos difamadores.

“As pessoas têm uma impressão errada da internet; acham que estão escondidas. Mas ele mesmo (Flávio) se vangloria, nos posts do Twitter, de que foi o criador da hashtag e de que sugeriu aos seus seguidores que a compartilhassem. É um réu confesso e se esconde por trás de um pseudônimo”, frisou a defensora.

Olavo de Carvalho, pai herói

Em meados de 2011, ele foi um dos integrantes da chapa “Reação” que tentou se eleger no DCE da Universidade de São Paulo contra adversários da esquerda.

A fama no movimento estudantil e as críticas à FFLCH-USP o lançaram como ativista de extrema-direita, sendo posteriormente apadrinhado por Olavo de Carvalho. Morgenstern viajou à cabana do guru na Virgínia, EUA, para praticar tiro ao alvo.

Na época em que frequentava a USP, Flávio Morgenstern abriu os blogs Urubudsman e Caffeine Cult. Tornou-se colunista do site de lifestyle masculino Papo de Homem, além de colaborar para o Instituto Liberal de Rodrigo Constantino e para Instituto Millenium.

Ele se considera um pensador genial, escrevendo coisas como “reflexões pornô-filosóficas” sobre a modelo Bárbara Evans.

Hoje é dono do site Senso Incomum, espaço que serve para defender Jair Bolsonaro, repercutir Olavo de Carvalho e dizer que “conservadorismo é o novo sexy”.

Lançou em 2015 o livro “Por trás da máscara”, que usa para culpar os black blocs pelas manifestações de rua.