Quem está sitiado no Brasil é Temer — e não Dilma no Alvorada. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 24 de maio de 2016 às 12:43
Basta
Basta

 

Fica claro que, ao contrário do que se noticiou nos últimos dias sobre um isolamento forçado de Dilma no Palácio da Alvorada, quem está sitiado é Michel Temer.

Sua casa no Alto de Pinheiros, em São Paulo, ganhou no domingo, dia 22, um acampamento do MTST de Guilherme Boulos. Os ativistas foram convidados a se retirar à base de bombas de efeito moral, jatos d’água e muita porrada da PM de São Paulo.

Boulos pediu que as mulheres, crianças e velhos voltassem para casa. Os homens continuaram ali. As imagens transmitidas pela Mídia Ninja eram de um filme parecido com o que vimos em 2013.

Saíram, mas Boulos avisou que voltariam, o que ocorreu. Covarde, Temer havia antecipado a viagem a Brasília. Para quê? Como aquela quadra sobre o gaúcho, para nada.

Na segunda, 23, quando foi ao Congresso entregar a Renan Calheiros a proposta de revisão da meta fiscal para o ano, foi recebido aos gritos de “golpista”.

Cercado de seguranças, olhando para os lados, sem responder a perguntas dos repórteres sobre a gravação de seu comparsa Romero Jucá, era um anão retraído, de passo apressado.

Estava acompanhado do alto comando do golpe, os ministros Henrique Meirelles, da Fazenda, Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Eliseu Padilha (Casa Civil). “Temer, Cunha e Jucá, cadeia neles já”, gritaram os manifestantes.

Jucá se “licenciou” pouco depois de um editorial inacreditável do Globo exigindo a Temer sua cabeça. Pau mandado que é, Michel aquiesceu. Ainda assim, Jucá afirma que o interino lhe falou para permanecer no cargo.

É uma solução meia boca de um governo que, em dez dias, tem como marca a corrupção, a conspiração, as trapalhadas e o vai e vem. Falta um último recuo, o definitivo, que é a defenestração do chefe e a restauração da democracia.

Enquanto isso não acontece, Eduardo Cunha continua mandando, fazendo e desfazendo, e Michel Temer segue escondido, tentando evitar qualquer tipo de manifestação pública que não seja por meio de seus porta vozes na Globo.