“Quero suas orações para mim”: a parceria Temer/Feliciano é mais um sinal de que Deus é um cara gozador. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 2 de maio de 2016 às 18:25
Timão e Pumba
Timão e Pumba

 

O vídeo de Michel Temer com o pastor picareta Marco Feliciano é mais um sinal de que Deus está testando a nossa fé no Brasil. Ou o capeta, diria sua tia.

Feliciano, em busca de uma boquinha, não tem poupado esforços em puxar o saco do futuro chefe, que aquiesce diante da possibilidade de falar para o público teleguiado.

A jogada mais recente é um mensagem de MT que o deputado teve o cuidado de transmitir num tal Congresso dos Gideões Missionários, em Camboriú (SC).

A coisa tem 2 minutos de duração, durante os quais Temer se presta a explicar que a palavra religião vem de “religare” — um maldito clichê usado por todo e qualquer paspalho que finge saber latim.

O auge da encenação de Michel Temer vem no seguinte trecho: “Por isso, quando o pastor Marcos (sic) Feliciano me dá a oportunidade de dirigir-me a milhares de pessoas eu quero pedir as suas orações pelo Brasil. Quero pedir as suas orações, se me permitem, para mim mesmo e quero mais uma vez pregar a pacificação do país”.

Se os evangélicos não se incomodam que seus líderes desrespeitem o sétimo mandamento, o do “não roubarás”, é inútil esperar que se acordem diante do pecado capital da vaidade.

Temer pede a cortesia de rezar por ele para que leve adiante a pacificação do país depois de conspirar ao longo dos últimos meses, culminando em sua transformação em grande esperança branca de um golpe.

Foi instrumental na criação dessa incerteza institucional que, sim, tem chances de dar em confrontos.

Onde a conversa de levar a paz enquanto pessoas eram xingadas em restaurantes e hospitais por fascistas que ganham cada vez mais espaço e aprovação pública de seus pares?

Os crentes terão um quinhão generoso no céu do impeachment. Segundo a agência Broadcast, emissários de Temer ofereceram o Ministério da Ciência e Tecnologia ao PRB, braço político da Igreja Universal.

Repito: Ciência e Tecnologia. Foi a terceira oferta de cargo de ministro feita por Temer ao partido. A opção inicial era a pasta da Agricultura.

A boa notícia, como lembrou Feliciano nos instantes em que conseguia tirar o nariz da nádega do interlocutor, é que Temer não é satanista. Ufa. Por um minuto achei que estávamos lascados.