Reale Jr. pode tentar negar, mas ele, Janaína e Bolsonaro têm o mesmo DNA. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 29 de abril de 2016 às 22:50
Reale, Janaína e um popula
Reale, Janaína e um popula

 

A participação de Miguel Reale Júnior na comissão do Senado começou com o que chamou de desagravo aos familiares dos que foram torturados por Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Era uma referência à homenagem infame que Jair Bolsonaro prestou na votação do impedimento na Câmara. “Esse pedido de impeachment não pode se prestar a isso. Visa a liberdade”, afirmou.

O que Bolsonaro fez foi “uma ofensa à nossa luta, àquilo que foi obtido por anos e anos pela minha geração, mas especialmente às vítimas – aqueles que sucumbiram e os que foram feridos gravemente como Criméia Schimdt”.

E então o jurista usa Bolsonaro para sua própria diatribe. “Há dois tipos de ditaduras: a explícita, dos fuzis, e a insidiosa, da propina e do gosto pelo poder”, disse.

“Essa ditadura que, pelo gosto pelo poder, não vê limites no uso da coisa pública, que leva à destruição da economia pública e de um bem público.”

Curiosamente, a segunda ditadura, a do “gosto pelo poder”, não parece ser exercida pelo PSDB, partido ao qual Reale é ligado e que lhe encomendou o parecer do impedimento. Os tucanos ocupam o poder em São Paulo há mais de duas décadas por desapego, generosidade e republicanismo, ao que tudo indica.

Por mais que Reale e a pupila Janaína tentem se desvencilhar do incômodo e não reconhece-lo como igual, é impossível negar que Bolsonaro e o que ele representa são parentes espirituais da dupla de advogados.

JB é uma versão um pouco mais tosca do extremismo de Janaína. Ela e seu mestre vêm abrindo espaço, desde pelo menos 2013, para esse tipo de animal aventureiro de direita.

Haverá diferença substanciosa entre as imbecilidades proferidas por Jair e as de Janaína? Quem ganha em matéria de insalubridade mental? Em matéria de anticomunismo olavista?

Se JB é uma besta que defende um criminoso pervertido, como qualificar uma senhora que pergunta se “queremos servir a uma cobra”? Uma professora que, cabeleira ao vento, quer saber se “vamos deixar essa cobra nos dominar?”

Uma mentirosa que jura que está defendendo “criminosos políticos”? Onde estão? Quem são? Talvez o promotor fanático religioso afastado por torturar a mulher?

Reale é capaz de absurdos. Há dois anos, criticou o tal “decreto bolivariano” de Dilma, aquele que criava conselhos populares e que provocou uma histeria coletiva.

“É uma democracia pior que a Venezuela, uma balbúrdia, um caldeirão. É mais grave do que os governos bolivarianos da América do Sul, porque esse decreto reconhece que movimentos não institucionalizados têm o poder de estabelecer metas e interferências na administração pública”, definiu.

Janaína, numa troca de afagos com Ronaldo Caiado na comissão do impeachment, falou em dinheiro enviado a “regimes obscuros”, na perseguição que sofrem seus alunos e ela etc.

Ao final, o velho Caiado, que não falha, apelou para os poderes mediúnicos de JP e tascou que “o diabo foi exposto aqui nesta comissão”.

Reale pode tentar negar em público, mas sua reedição do udenismo deu origem a dois filhos que estão aí brilhando. Um deles ele não reconhece porque é um pouco mais feio e tem a boca torta, mas Reale sabe que qualquer exame de DNA vai dar positivo.