A realidade no Rio de Janeiro: estado de exceção em comunidades pobres, estado de direito em bairros ricos. Por Jean Wyllys

Atualizado em 26 de agosto de 2017 às 7:48

PUBLICADO NO FACEBOOK DE JEAN WYLLYS

Caiu, ao menos em um primeiro momento, a decisão da justiça de autorizar buscas e apreensões domiciliares coletivas e indiscriminadas no Jacarezinho e em quatro comunidades vizinhas. Na prática, a decisão autorizava que policiais invadissem lares sem que existisse qualquer evidência de cometimento de crimes, em uma operação motivada pelo assassinato de um policial civil que cumpria mandados de prisão há cerca de 14 dias.

A ação que derrubou esse absurdo ilegal foi da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, que agiu em defesa da cidadania de mais de 40 mil pessoas.

Ainda que muita gente não compreenda – talvez porque esteja muito distante da realidade daquela população – a gravidade das violações cometidas pelas forças de segurança do Estado contra cidadãos presumidamente honestos não pode ser ignorada sob o suposto benefício de uma ação contra o crime organizado. Ações como as que ocorrem no Jacarezinho não visam combater o crime organizado; são apenas retaliações, ataques brutais, sem qualquer tipo de inteligência e ineficazes para combater organizações criminosas. Em grande parte, porque são essas mesmas organizações quem financiam a corrupção de agentes policiais e políticos.

Não é uma “operação” pontual quem irá resolver décadas de omissão do Estado. E os moradores da comunidade não podem ser alvos da vingança policial!