Um breve ensaio sobre as selfies íntimas

Atualizado em 22 de setembro de 2014 às 9:00

Kim-Kardashian-instagram-selfie

O novo vazamento de fotos íntimas de celebridades traz uma reflexão que, para mim, é absurda. A única maneira de você escapar desse constrangimento, segundo tal reflexão, é não fazendo fotos íntimas.

Ora, é como dizer que você só conseguirá escapar de uma doença venérea se não fizer sexo. Ou, para mudar de tema, só não vai levar um tombo de bicicleta se não andar de bicicleta. No extremo, você não anda de avião para não morrer em um acidente de avião.

Ninguém vai deixar de fazer fotos íntimas por causa do risco de vazarem. Este é um fato da vida. Pelo seguinte: as mulheres que fazem selfies eróticas têm predisposição para correr riscos.

A possibilidade de que as imagens se tornem públicas talvez tenha até um fator de ampliação erótica. O exibicionismo é uma força poderosa no sexo. O ser humano joga, instintivamente, com probabilidades ao fazer certas coisas.

As chances estatísticas de vazar uma selfie íntima são pequenas. Quem quer fazer pode não conhecer estatística, mas sabe disso, mesmo que inconscientemente. Por oposição, as mulheres mais pudicas não farão fotos atrevidas em nenhuma circunstância. Não se deterão pelo risco de vazamento, mas por uma visão mais conservadora da vida e do sexo.

Por tudo isso, os danos psicológicos para vazamentos tendem a ser limitados, a não ser em circunstâncias excepcionais. Há, é claro, um sentimento de invasão de privacidade. Mas você não vai ser marginalizado: a tribo das selfies eróticas não estigmatiza ninguém cujas imagens vazem.

Fora isso, a mulher escolhe cuidadosamente a selfie que vai enviar. Faz várias, numa mesma situação, e escolhe aquela em que está perfeita. Sem celulite, sem rugas.

Nisso, estas fotos se distinguem inteiramente das dos paparazzi. O que mais incomoda uma mulher numa foto é achar que está feia, e isto é uma impossibilidade para quem faz uma selfie ao ser amado.

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