Requião ao DCM na TVT: “Dilma tem condições de voltar, mas não de governar. Daí o plebiscito”. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 5 de julho de 2016 às 17:55
Requião
Ele

 

O senador Roberto Requião, do PMDB do Paraná, foi entrevistado no programa do DCM na TVT, apresentado por Marcelo Godoy e dirigido por Max Alvim.

Requião recebeu a equipe em seu apartamento funcional em Brasília, na Superquadra Sul. Conversou sobre o momento político com a contundência que lhe é peculiar.

Requião está empenhado na ideia das novas eleições. Em sua opinião, é a única maneira de barrar o golpe. Segundo ele, Dilma “vacila” ao não encampar a iniciativa com força. Pode estar “mal assessorada”.

No início do mês passado, ele contou que se reuniu com trinta senadores contrários ao impedimento num jantar. São necessários 27 para barrar o processo. O ponto de convergência seria o plebiscito.

Uma lista obtida pelo DCM, preparada por um grupo que monitora a votação, assinalava que alguns desses nomes estavam, como era de se esperar, negociando no Jaburu e no Alvorada com a mesma moeda de sempre: cargos e influência.

Requião não vê contradição. Define isso como “fisiologismo esclarecido, uma contrapartida ao despotismo esclarecido”.

Se ele está otimista?

“Vou responder como Gramsci: pessimista na análise e otimista na ação. Estamos procurando uma saída para o Brasil. Não estou nessa de ‘Fora Temer’ e ‘Volta Dilma’. A Dilma tem de ser um instrumento da recuperação da verdadeira política e dos interesses nacionais”, afirma.

Requião é uma voz solitária dentro de seu partido, um balaio de caciques regionais cuja facção dominante, hoje, é a de Temer, Cunha et caterva. “A base do PMDB é boa, assim como a do PSDB e a do PT, mas a cúpula se corrompeu neste processo de complacência e auto complacência. Os deputados consideram Eduardo Cunha um companheiro que faz a mesma coisa que eles fazem”, fala. “Não vou fugir do PMDB”.

Michel Temer foi “cooptado pelo pecado preferido do diabo, que é a vaidade, instrumentalizado por interesses geopolíticos claros de interesse do capital financeiro e de toda mídia, representados na figura de José Serra”.

Em março, Roberto Requião foi um dos parlamentares que protocolaram uma ação para que o Conselho Nacional de Justiça abrisse um processo disciplinar contra Sérgio Moro pela divulgação dos grampos de Dilma e Lula.

Ele se declara, no entanto, “dividido” com relação ao juiz, que conhece desde que ele esteve à frente do caso Banestado no tempo em que Requião era governador do Paraná.

“Ele é aplaudido pela Globo”, afirma. “A Lava Jato é altamente seletiva. São juízes formados com o medo do comunismo, eles veem em todo progressista um perigo. Em função disso, acaba proporcionando o que a Operação Mani Pulite fez na Itália”.

“Moro começou essa operação para alegria de todos nós. De repente, vai receber um prêmio das mãos maiores sonegadores do Brasil na Rede Globo ou vai fazer uma palestra com Doria em São Paulo. É um disparate. Um antagonismo entre o comportamento esperado e a companhia desejada”. O juiz lhe teria dito que não prenderia Lula.

“Dilma está sendo submetida a uma farsa revogatória”, define. “Ela tem condição de voltar se ela se sentar com estes senadores que têm uma base de consciência ética e nacionalista e se propuser a fazer uma mudança suprapartidária, que atenda os objetivos permanentes da nação, descritos na Constituição. Não teria condição de governo com a oposição de 35 partidos. Daí o plebiscito”.

Eis alguns trechos da entrevista com Requião. Ela vai ao ar, na íntegra, no domingo às 20h30 na TVT.