Rodrigo Hilbert virou o grande problema dos homens brasileiros. Por Nathalí Macedo

Atualizado em 18 de janeiro de 2018 às 18:59
Hilbert

Rodrigo Hilbert é o (não tão) novo grande problema dos homens aprisionados em suas masculinidades, coitados.

Ele não está desenvolvendo uma arma nuclear com poder de destruir o mundo em segundos (isso fica por conta dos EUA), tampouco trancado em um laboratório criando a fragrância capaz de fazer com que todas as mulheres do universo de apaixonem por ele: está apenas sendo um homem e fazendo suas obrigações de homem.

Cozinhando pra a sua esposa, respeitando-a, cuidando dos seus filhos, cuidando do próprio corpo e colaborando com a manutenção e limpeza da casa em que vive com a família.

Isso não é coisa de super-herói. Juro. Homens comuns também conseguem.

Cozinhar nunca tirou pedaço (às vezes, do dedo, mas não dá pra morrer), cuidar dos filhos não dói e colaborar com a manutenção da casa em que se vive é o mínimo que se pode fazer em respeito a si próprio e ao outro. Fidelidade não é um sacrifício quando se tem amor e respeito próprio.

Aliás, tudo o que o Rodrigo Hilbert – e outros homens menos afortunados que ele – faz, as mulheres fazem sangrando.

Literalmente. E não costumam ser ovacionadas por isso, a não ser no oito de março com florezinhas mixurucas.

A adoração insana da internet a Rodrigo Hilbert não significa que ele é um semi-deus: significa que as mulheres estão acostumadas com homens limitados.

Desculpa, meninas, mas cozinhar e limpar a casa não é extraordinário (aquele par de olhos verdes, no entanto, o são).

Compreensível: a gente aprendeu a se conformar com pouco – o cara que aprendeu com a mamãe que o máximo que ele deve fazer é tirar o prato da mesa e coloca-lo na pia – e de repente aparece um homem que ensina yoga aos filhos quando eles estão agitados e devolve os projetos de Buda calminhos à mãe.

Tratamos de coloca-lo num pedestal – aliás, “tratamos” é muita gente.

Os tempos mudaram. Os homens que compreendem suas obrigações de homens já nasceram e continuarão a nascer. E a gente não aceita menos que um Rodrigo Hilbert – ou seja, um homem comum que não é um escroto egoísta.

O par de olhos verdes é opcional.