Quem matou Santiago Maldonado, líder das causas indígenas na Argentina? A civilização exige resposta

Atualizado em 20 de outubro de 2017 às 20:57
Protestos movimentaram a argentina e agora começa a cobrança para descobrir e responsabilizar os assassinos de Maldonado (crédito imagem: scoopnest)

A família reconheceu hoje em Buenos Aires o corpo de Santiago Maldonado, um ativista que defende os direitos dos povos originários da Argentina que estava desaparecido desde o dia 1o. de agosto. O encontro e a identificação do corpo, às vésperas de eleições no país, devem agitar a Argentina.

Maldonado é considerado a primeira vítima das forças policiais do governo Macri, pois desapareceu depois de participar de protestos. Leia trecho da reportagem publicada pelo El País há dois dias, quando ainda não se tinha certeza de que o corpo encontrado no rio Chubut era de Maldonado:

Levaram 77 dias para encontrá-lo, mas ele estava muito perto. A cerca de 300 metros do lugar da Patagônia em que Santiago Maldonado desapareceu, a polícia encontrou um cadáver. Ainda não foi confirmado que se trata do desaparecido, mas parece a opção mais provável. Um membro do Governo informou ao EL PAÍS que, à espera da confirmação oficial, tudo indica que seja ele. O corpo apareceu no rio Chubut, que havia sido inspecionado sem sucesso diversas vezes desde o desaparecimento de Maldonado, em 1.o de agosto, quando ele participava de um protesto em apoio a um grupo de mapuches que ocuparam uma propriedade do grupo Benetton. O assunto do último desaparecido gerou multitudinárias manifestações e monopolizou a política argentina durante semanas. A notícia chega faltando cinco dias para as eleições.

Maldonado pode ser a primeira vítima política de forças de segurança depois da redemocratização da argentina. Para ser ter ideia do que isso significa, é como se, no Brasil, um líder como Guilherme Boulos ou João Pedro Stédile desaparecesse misteriosamente depois de participar de protestos.
A morte de Maldonado lembra o que aconteceu com Chico Mendes, líder seringueiro, no Acre, no final da década de 80, assassinado a mando de ruralistas.
É grave.
O fato deve movimentar a Argentina.